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Um Natal (muito) diferente

Quando comemoramos o Natal de 2019 estávamos longe de imaginar o que seria deste Natal de 2020. Um Natal car­regado de diferenças, cheio de restrições e de angústias por sonhos modificados, projetos interrompidos e vidas sacri­ficadas ao longo de nove meses de pandemia. Um período de incertezas e muita luta para chegar até aqui com saúde e disposição para lutar ainda mais até a chegada da solução de­finitiva para afastar este vírus que aparenta ter muita força e potencial destruidor. Já registramos avanços até aqui e vamos seguir lutando por dias melhores.

O Natal deste ano será de aplicação das lições que apren­demos ao longo deste período de desconfiança e medo do que viria depois. De adotar ou voltar a práticas, nem sempre lem­bradas, da solidariedade, do agradecimento, da oferta de con­forto a quem precisa, da mão estendida para o bem. As festas acontecerão de forma mais comedida e com novos hábitos de proteção. As famílias, com adoção de novos protocolos, vão se reunir de forma moderada para celebrar a vida.

Este será, certamente, um Natal mais emotivo, onde a fé estará mais presente e a esperança muito mais ampla no coração das pessoas. E faz sentido que assim seja. Todas as pessoas passam por uma experiência dura e inédita, capaz de aflorar ainda mais a emoção neste período já propício à refle­xão, à busca mais constante da espiritualidade, ao exercício da fé. A ajuda ao próximo, tão comumente praticada e divulgada nesta época, ganha mais vigor em função da necessidade tam­bém ampliada das pessoas.

Diante das restrições impostas pela pandemia que atinge o mundo, e que volta a preocupar com os casos em crescimen­to, o indicado é que aproveitemos esse período emotivo para comemorações mais simples, com menos pessoas, ou “encon­tros” virtuais para evitar a transmissão da doença. Sabemos que não é esta a melhor forma de comemorar uma data tão importante para a humanidade, mas é a melhor maneira de preservar amigos e familiares e também de nos proteger de uma contaminação que não tem escolhido a quem atingir.

Além de evitarmos as aglomerações, tão comuns – e até necessárias e compreensíveis – nesta época do ano, pre­cisamos manter os cuidados necessários de prevenção à covid-19, aos quais nos habituamos desde março deste ano, principalmente o hábito de higienizar as mãos constante­mente, assim como evitar tocar olhos, nariz e boca. Sei que é sempre mais difícil obedecer a regras rígidas em momentos tão especiais como este. Mas esta é a opção que temos para atravessar o período que nos separa da solução para esta doença que aflige todo o mundo.

Já no próximo mês teremos vacinação contra o coronaví­rus. Será uma vacinação escalonada, a ser aplicada gradual­mente na população, mas é uma luz que se acende lá na frente como possibilidade de nos livrarmos deste problema que estamos enfrentando com ações de toda a população. Antes de a imunização chegar, vamos seguir com nossas medidas de precaução e enfrentamento, pensando principalmente que podemos ter outros dias de Natal muito melhores e prazero­sos que este que celebraremos nesta sexta-feira.

É preciso, então, um pouco de paciência, de resiliência, para ter a certeza de melhores dias. Para vislumbrar novos cenários e novas cenas para futuras celebrações deste dia ímpar. E mesmo que as comemorações sejam diferentes das realizadas em anos anteriores, manteremos a esperança da normalidade nos anos vindouros, com mais liberdade para as celebrações. E também manteremos viva a fé no real signifi­cado do Natal. Que é a de nascimento.

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