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Marketing musical

Tarde tranquila de domingo, começo de outono. Numa pequena praça de um bairro residencial de Madrid os pais observam seus filhos brincando. Eis que surge um homem vestido com casaca, portando um contrabaixo e coloca-se no meio da praça. Deve ser um músico que pretende obter algumas moedas por sua performance, o que é comum na Eu­ropa.

Enquanto ele afina seu instrumento, uma menina pede uma moeda de um euro ao pai e a deposita aos pés do artista. Poucos prestam atenção. Quando se ouvem os primeiros acordes da música, de dentro da agência do Banco Sabatell, que domina a praça, surge primeiro um violinista, depois outro, uma flautista, tocadores de oboé e trompete, o maestro, enfim uma orquestra completa.

A música se faz reconhecer: é a Ode à Alegria, da Nona Sinfonia de Beethoven. Os presentes começam a se apro­ximar. Mais pessoas saem do Sabatell e formam o coro que executa o Hino da Europa. É uma alegria só. Os pais colocam seus filhos nos ombros para verem melhor. Os mais velhos acompanham com a cabeça os movimentos da sinfonia. A praça se eletriza até o final retumbante. Grandes aplausos e os músicos de retiram em ordem, adentrando o Banco Sabatell.

Começo de tarde num dos supermercados The Food Hall, um dos maiores da Inglaterra. Muitas pessoas caminham entre os expositores onde frutas, verduras, queijos, frios são oferecidos. Senhores mais velhos analisam os rótulos da enorme coleção de vinhos da adega. Todos procuram encher seus carrinhos para o fim de semana. De repente, uma pessoa com o uniforme da rede começa a cantar Funiculi, Funiculá. Espanto geral, as pessoas se viram em procura de onde vem a cantoria. Uma soprano, também com o mesmo uniforme, junta-se ao tenor, depois mais outros e todos acompanham a audição, com sorrisos de alegria e aprovação.

Manhã de um dia de semana, nos supermercados Migros, a maior rede da Suiça. Os clientes aproveitam a temperatura tépida da loja, enquanto escolhem seus produtos. Crianças obedientes, que acompanham suas mães e pais, exploram os corredores, já decorados para o Natal. Quando passam por um pilha de caixas de chocolate – surpresa – suas tampas abrem e fecham ao som de Jingle Bell. Os clientes se aproxi­mam e curtem a música natalina. Movido por um sensor, as caixas executam seus movimentos à aproximação das pessoas.

Estes são alguns exemplos de marketing musical que podemos ver na internet, além de muitos outros, prática que se dissemina rapidamente. Mas, qual seria o objetivo das empresas que o utilizam? Seria somente uma ação de relações públicas, de agradecimento, permitindo aos seus clientes e potenciais clientes momentos de boa música e descontração, associando o nome da empresa a uma sensação agradável? Ou seria uma forma de descontrair os clientes da loja? Afinal, cliente feliz compra mais.

Além de trazer momentos de descontração e alegria, a grande meta é a propaganda boca a boca que o inesperado instrumento de marketing propicia. Praticamente todos os que assistiram às performances comentaram com seus amigos e familiares os bons momentos vividos, propagando o nome dos que lhes possibilitaram a atividade feliz. Até mesmo atingiram este escrevinhador, que morando no outro lado do Atlântico, está ajudando a propagar o nome dos patrocinadores.

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