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‘Mínimo’ pode ser de R$ 1.088

© Tânia Rêgo/Agência Brasil

O governo prevê que o salá­rio mínimo será de R$ 1.088 em 2021, alta de 4,11% e acréscimo de R$ 43 em relação ao piso atual, de R$ 1.045. A nova esti­mativa consta em ofício encami­nhado ao Congresso Nacional para revisar as metas e projeções fiscais para o ano que vem.

Em 15 de abril, quando en­caminhou a proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o governo previa que o piso nacional fosse reajusta­do dos atuais R$ 1.045 para R$ 1.079, aumento de 3,25% e apor­te de R$ 34. No fim de agosto, quando enviou o projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA), esse valor foi revisto para me­nos: R$ 1.067, elevação de 2,1% e acrcéscimo de R$ 22.

Agora, o aumento na pro­jeção se deve à aceleração da inflação. O salário mínimo não tem tido aumento real, mas o in­dicador que baliza sua correção, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calcula­do pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem registrado fortes altas nos últimos meses, na esteira da in­flação de alimentos.

O INPC mede a variação média de preços para famílias que ganham até cinco salários mínimos, diferentemente do Ín­dice Nacional de Preços ao Con­sumidor Amplo (IPCA), que capta os impactos sobre o orça­mento de famílias com renda até 40 salários mínimos.

Ou seja, o índice que corri­ge o salário mínimo é a infla­ção da parcela menos abastada da população – para quem os gastos com alimentos têm um peso maior, daí a aceleração do INPC. No mês passado, a Se­cretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Econo­mia elevou a projeção para o INPC de 2,35% para 4,10%, o que já dava pistas de que o salá­rio mínimo ficaria maior.

Há economistas de merca­do, porém, projetando variação até maior, acima de 5%. A pro­posta original do Orçamento foi elaborada com previsão de reajuste do salário mínimo de 2,09%. Pelos cálculos do Mi­nistério da Economia, a cada 0,1 ponto percentual a mais de variação no INPC, haverá um aumento de R$ 768,3 milhões nas despesas em 2021.

Só pela mudança na proje­ção da SPE, já haveria um incre­mento de R$ 15,366 bilhões nas despesas obrigatórias no ano que vem. O salário mínimo em 2021 só será conhecido nos últimos dias do ano, quando o governo editará uma medida provisória (MP) com o novo valor.

No entanto, caso o IPCA – a inflação oficial do país – feche 2020 além das proje­ções da equipe econômica, estimativa ainda não divul­gada, o governo poderá ter de editar outra MP na meta­de de janeiro com uma nova correção, como fez com o sa­lário mínimo de 2020.

Até novembro, o INPC acu­mulado em doze meses tota­lizava 5,2%. O INPC cheio de 2020 só será divulgado em 12 de janeiro. Dependendo do ín­dice final, o governo poderá ter de editar outra MP. O salário mínimo de janeiro, com o valor fixado no fim de dezembro, só chegará à conta do trabalhador a partir de 1º de fevereiro.

Caso haja uma correção adi­cional no decorrer de janeiro, o montante será acrescido ao salá­rio de fevereiro, pago em março. Em 2020, não houve pagamento de retroativo sobre o salário de janeiro, que continuou em R$ 1.039, mesmo com o aumento para R$ 1.045 em fevereiro.

O governo estima que, para cada aumento de R$ 1 no salário mínimo, as despe­sas se elevam em torno de R$ 355 milhões, principalmen­te por causa do pagamento de benefícios da Previdência Social, do abono salarial e do seguro-desemprego, todos atrelados ao mínimo.

Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeco­nômicos (Dieese), elaborado com base na cesta básica de alimentos mais cara do país, do Rio de Janeiro, onde custava, em média, R$ 629,63, o valor do salário mínimo em novem­bro deste ano teria que ser de R$ 5.289,53, correspondente a 5,06 vezes o salário mínimo vigente, de R$ 1.045.

Este valor seria necessário para suprir as despesas de um trabalhador e de sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Há um ano, em novembro de 2019, o míni­mo ideal seria de R$ 4.021,39, quatro vezes o piso oficial da época, de R$ 998. Em outubro deste ano, o ideal seria de R$ 5.005,91, cerca de 4,8 vezes aci­ma do salário atual.

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