O Banco Central (BC) atualizou a projeção do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 4,21% para 4,35%, neste ano. A revisão consta do Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira, 14 de dezembro.
Conforme destaca a instituição, o registro representa a 18ª alta consecutiva do indicador, que ultrapassa o centro da meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano, em 4%. Há um mês, estava em 3,25%. A projeção para o índice em 2021 seguiu em 3,34%.
Quatro semanas atrás, estava em 3,22%. Essas projeções surgem na esteira do anúncio da retomada do sistema de bandeiras tarifárias na conta de luz em dezembro, com taxa extra de R$ 6,243 a cada 100 kWh. Devido à pandemia do novo coronavírus, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vinha praticando a bandeira verde, sem cobrança de taxa extra.
O relatório Focus traz ainda a projeção para o IPCA em 2022, que segue em 3,50%. No caso de 2023, a expectativa permaneceu em 3,25%. Há quatro semanas, essas projeções eram de 3,50% e 3,25%, nesta ordem. A projeção dos economistas para a inflação já está acima do centro da meta de 2020, de 4,00%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto percentual (índice de 2,50% a 5,50%).
No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%). A meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%), enquanto o parâmetro para 2023 é inflação de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (de 1,75% a 4,75%).
Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação de novembro foi de 0,89%. Em doze meses, a taxa acumulada está em 4,31%. Com periodicidade semanal, o Focus reúne estimativas de instituições financeiras para os principais indicadores da economia.
Os economistas do mercado financeiro mantiveram suas projeções para a Selic (a taxa básica da economia) no fim de 2021. O Relatório de Mercado Focus diz que a mediana das previsões para a Selic no próximo ano segue em 3,00% ao ano. Há um mês, estava em 2,75%. No caso de 2022, a projeção seguiu em 4,50% ao ano, igual a um mês antes. Para 2023, seguiu em 6,00%, mesmo patamar de quatro semanas atrás.
Na semana passada, ao manter a Selic em 2,00% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) preparou o terreno para possível elevação dos juros em 2021. O motivo é que as projeções de inflação estão se aproximando das metas perseguidas pelo BC nos próximos anos.
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando a Selic é mantida, o comitê considera que ajustes anteriores foram suficientes para manter a inflação sob controle.
Atividade econômica e dólar
O mercado financeiro também ajustou de 4,40% para 4,41% o valor referente à retração da economia neste ano. Há quatro semanas, a estimativa era de baixa de 4,66%. A expectativa de crescimento para 2021, por sua vez, permaneceu sem ajustes, em 3,5%. Quatro semanas atrás, estava em 3,31%.
Para os anos de 2022 e 2023, espera-se que o Produto Interno Bruto (PIB), que resulta da soma de todas as riquezas do país, cresça 2,5%. A projeção para a produção industrial de 2020 seguiu em baixa de 5,00%. Há um mês, estava em baixa de 5,34%. No caso de 2021, a estimativa de crescimento da produção industrial seguiu em 5,00%, ante 3,72% de quatro semanas antes.
Ainda segundo o boletim Focus, a cotação do dólar para o final deste ano está em R$ 5,20 – valor levemente inferior ao registrado no último levantamento, feito há uma semana, quando estava em R$ 5,22. Para 2021, o BC baixou de R$ 5,10 para R$ 5,03. Já para 2022, a variação foi de R$ 5 para R$ 4,95.