A desgraça da Amazônia não começou com o desmonte dos órgãos de fiscalização ambiental, nem com as facilidades de mineração e invasão de terras indígenas estimulados pelos discursos presidenciais da atualidade alienada. Ela nem termina porque os índios, que ocupam a região há onze mil anos, teriam resolvido incendiar, só agora, a floresta, justamente nesse governo Bolsonaro. Seria um ato de suicídio já que a floresta é a casa, a fonte de alimentação e do seu saber, sua universidade. Tal declaração foi feita na última reunião internacional da ONU. O efeito dela foi sucessivas gargalhadas mundiais.
Se o presidente da República, antes de planejar explodir quarteis, quando ele era capitão da ativa do exército nacional, tivesse lido o livro do jornalista Gondim da Fonseca – “O petróleo é Nosso” –, seguramente ele defenderia a Petrobrás do ataque que seu governo promove para servir a interesses externos, senão escusos. Lá nesse livro tem uma foto, da década vinte do século passado, em que um presidente norte-americano está em pé, diante do mapa da Brasil, apontando justamente a Amazônia.
No dia 16 de julho de 2003, Giba Marson, deputado do PV, veiculava pela internet, sob o titulo – “Amazônia, capital EUA?” – o artigo do qual se destaca: Sem meias-palavras, em 1995 o general norte-americano Patrick Hughes afirmou publicamente: “Se o Brasil quiser fazer um uso da Amazônia que ponha em risco o meio ambiente dos Estados Unidos, precisamos interromper esse processo imediatamente”.
Declaração que se somou à palavra do vice-presidente Al Gore: “Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas de todos nós”. E da secretária de Estado, Madeleine Albright, a mesma que definiu como “intervenção militar humanitária” os bombardeios aéreos contra a Iugoslávia, na campanha de Kosovo: “Quando o meio ambiente está em perigo, não existem fronteiras”. O desmatamento na Amazônia, segundo interpretam atualmente os norte-americanos, afeta o clima mundial e, especialmente, o meio ambiente no sul dos Estados Unidos”.
Outro livro, este de Lourival Coutinho, edição de 1956 – “O General Góes depõe” –, tinha como epigrafe de um capítulo a declaração de geólogo norte-americano, que advertia “Na Amazônia tem mais petróleo do que água”.
No final da década de mil novecentos e quarenta, dois diplomatas brasileiros tiveram a ideia de entregar a região amazônica a um organismo internacional, formado por muitos países, e o Brasil, que tem a maior área geográfica simplesmente a cederia, mas sem nenhum privilégio, e sem direito, até mesmo, a uma cópia em português da cessão de seu território. Felizmente, esse plano foi abortado, por dois discursos do deputado constituinte de 1946, Gofredo da Silva Teles e por posição pública manifestada pelo então Ministro da Guerra.
A imprensa nacionalista, no inicio da década de 1950, denunciava a ameaça da Internacionalização da Hileia Amazônica, e ela dizia que os religiosos norte-americanos, que frequentavam a região, não eram religiosos e sim pesquisadores de riquezas amazônicas, e até ensinaram a língua inglesa aos caciques, tal como registrado pelos militares, após 1964.
Nesse clima Getúlio Vargas, o construtor do Estado moderno do Brasil, num lance de habilidade e esperteza política, conseguiu, instituir o monopólio estatal do petróleo, com a criação da Petrobrás, verdadeiro símbolo da luta nacionalista de civis e militares. Hoje, ela está sob fragmentação, regida pela privatização neoliberal corrupta. A ousadia de Getúlio causa-lhe a morte heroica e a sua ‘Carta Testamento’ deveria ser adotada, como cartilha, em todas as instituições de ensino brasileiro, como documento de brasilidade e civismo, em prol de um projeto de desenvolvimento nacional.
No governo FHC, a espionagem revelou que a empresa vencedora para instalar o Sistema de Monitoramento da Amazônia seria francesa. Com um simples telefonema de Clinton para FHC trocou-se a empresa francesa por empresa norte-americana. Tempos depois, Secretario de Estado norte-americano veio ao Brasil, passou por São Paulo, ignorou Brasília, indo direto visitar o seu feudo.
Em torno de 2010, o jornalista Bob Fernandes fez sucessivas matérias na ‘Carta Capital’ sobre oito agencias de espionagem americana, que já estavam instaladas no território nacional. Para que tantas? Continua…