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O fantasma pretérito, sempre presente!

O debate sobre a volta das aulas presenciais nas redes públicas, na pandemia escancara as velhas escamoteações e perversões que há tempos acontecem nas estruturas dos sistemas educacionais brasileiros. No entanto mexer numa es­trutura carcomida e corrupta, que foi construída desde a che­gada da Família Real ao Brasil, não é uma tarefa fácil – exige dedicação e altruísmo. E essa herança oriunda do sistema escravagista cuidou para que o abismo social se solidificasse e passasse a ser a marca registrada da sociedade brasileira.

A convivência harmônica e compartilhada, que as tribos nativas que habitavam o Continente Americano vivenciavam antes das invasões dos europeus foi totalmente extirpada, e substituída pala chamada vida civilizada europeia. E aeduca­ção coercitiva e violenta fundamentada nos dogmas da Igreja Católica instituiu o modelo segregacionista, que atravessou os séculos, e colocou de um lado quem manda, e do outro, os que vão dizer: “sim senhor, não senhor”.

Um país só se torna uma Nação quando a sua população conhece como foi construída a sua história, e possa refletir com autonomia os seus resultados, no entanto o espaço que isso deveria acontecer que é o espaço escolar, por herança do passado só retrata os heróis que foram construídos em cima de sofismas, para representar a aristocracia, e perpetuar o abismo social.

E mesmo com uma educação básica precária, a criatividade da população pobre e desvalida é algo extraordinário, e ajuda a colocar o Brasil entre os países mais criativos do mundo, mas essa criatividade assusta os donos do poder. Talvez seja por isso que trabalham intensamente para neutralizar qualquer iniciativa que possa chegar plenamente ao chão da escola pública, pois uma es­cola pública e democrática possibilitaria o surgimento uma nova geração autônoma e politizada, que forçaria a abertura de novos caminhos para a educação.

O abismo educacional coloca de um lado os oriundos das escolas privadas de elite, herdeiros do poder, e que vão co­mandar, e do outro lado os oriundos das escolas públicas, que vão os serviçais e carregar nos ombros o peso da opulência e os privilégios dos que se julgam seres humanos superiores. O tempo tem mostrado que essa política de exclusão impingida às populações pobres, através de uma escola sucateada tem dado os resultados esperados por eles, aja vista os resultados das eleições dos últimos anos.

Obstruir o conhecimento da verdadeira história do País, e da própria história de cada um, foi planejado ardilosamente, para que essa população passasse pela escola básica pública, e não aprendesse nenhuma das duas, e o resultado foi o espera­do, pois os pobres votaram maciçamente em candidatos que não representam as expectativas da população pobre e traba­lhadora, que por desconhecimento não têm representantes nos legislativos brasileiros, e inimigos nos executivos.

Uma escola pública totalmente renovada, e sem os velhos vícios que tantos prejuízos causaram aos educandos é o que se es­pera na volta das aulas presenciais. Uma escola que exclua o con­finamento institucional, que os educandos possam experimentar a felicidade, que tenham prazer em estar na escola todos os dias, a escola não pode parecer uma instituição prisional. Proporcio­nar ao educando um aprendizado repleto de felicidade e alegria é a melhor formula para a formação da cidadania. Exorcizar os fantasmas do passado é imprescindível.

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