Tribuna Ribeirão
Geral

Joseph Safra – Homem mais rico do país, Safra morre aos 82 anos

ERIC GALLARD/REUTERS

O banqueiro Joseph Safra morreu nesta quinta-feira, 10 de dezembro, aos 82 anos, de causas naturais. Sem fazer ba­rulho, ele construiu um impé­rio bancário com presença em 25 países e mais de R$ 1 trilhão sob gestão. O ranking mais recente da revista Forbes apre­senta Safra com um patrimô­nio de US$ 23,2 bilhões. Estava no topo da lista como homem mais rico do Brasil e como 63º do mundo.

O sepultamento ocorreu ontem, no Cemitério Butantã, na Zona Oeste de São Paulo, apenas para parentes e ami­gos próximos. Com mal de Parkinson, mesma doença que acometeu dois de seus irmãos, ele passou os últimos anos na Suíça, ao lado da mulher Vicky, com quem teve quatro filhos. Apesar de debilitado, ainda se mantinha presente no dia a dia dos negócios.

Por décadas, foi Joseph, co­nhecido entre os funcionários por “seu José”, que comandou o banco fundado por seu pai em 1955. Sempre foi o mais conservador dos irmãos – um concorrente já o definiu ao Fi­nancial Times como um ban­queiro que só empresta para quem não precisa de dinheiro. Ele era mesmo um dos preferi­dos dos milionários.

A cultura que Joseph impôs nos negócios da família impri­miu na marca Safra uma ima­gem de solidez e de que o banco é blindado a crises. Ao mesmo tempo, também fez com que o grupo demorasse mais do que os concorrentes para se ajustar às inovações do mercado. En­quanto fazia negócios mundo afora, Joseph Safra também se dedicou à filantropia.

Foi um dos maiores doado­res dos hospitais Albert Eins­tein e Sírio Libanês, em São Paulo. À Pinacoteca, ele doou esculturas de Rodin e ao Mu­seu de Israel, em Jerusalém, o manuscrito original da Teoria da Relatividade de Albert Eins­tein. Durante a pandemia da covid-19, o banco doou cerca de R$ 40 milhões para hospi­tais e Santas Casas.

A dinastia Safra
Joseph Safra é da quarta geração de uma tradicional família de banqueiros, com origem na Síria, que começou financiando o comércio entre as cidades de Aleppo, Cons­tantinopla e Alexandria Jacob, pai de Joseph, mudou-se para o Líbano depois da Primei­ra Guerra Mundial e abriu o Jacob Maison de Banque em Beirute. Foi lá que Joseph nas­ceu, em 1938.

A vinda para o Brasil, na década de 1950, tem relação com a perseguição aos judeus no Oriente Médio, após a cria­ção do Estado de Israel. Joseph contou certa vez que seu pai migrou com a família buscan­do um refúgio, porque acredi­tava que a terceira guerra não demoraria a começar. Antes de se juntar aos pais e irmãos em São Paulo, Joseph Safra con­cluiu os estudos na Inglaterra e chegou a trabalhar no Bank of America, nos EUA.

Edmond, o mais velho dos nove irmãos, assumiu os negócios da família no exte­rior, enquanto Moise e Joseph ajudavam Jacob no Brasil. Em 1999, Edmond Safra foi assas­sinado no apartamento onde vivia com a mulher Lilly, em Mônaco, após um incêndio criminoso provocado por um de seus enfermeiros. A morte desencadeou uma briga fami­liar em torno da herança.

Sem chegar a um acordo para que Moise vendesse sua participação no banco, Joseph fundou o J. Safra, com as mes­mas características e para aten­der aos mesmos clientes. Os dois só chegariam a um acordo em 2006. A essa altura, perto de completar 70 anos, Joseph já começava a colocar em cur­so seu plano de sucessão, para entregar o comando dos negó­cios aos filhos Jacob, Alberto e David (Esther chegou a traba­lhar durante um ano do banco, e hoje é dona da escola judaica Beit Yaacov, em São Paulo).

A troca de bastão, no en­tanto, acabou sendo adiada por causa da crise financeira global. Mesmo nas grandes cri­ses financeiras, o banco nunca precisou de socorro do go­verno. Mas, nos bastidores, o banqueiro sempre esteve perto do poder. Nos anos seguintes à crise global, com a discrição que lhe é peculiar, Joseph sur­preenderia o mercado com o anúncio de grandes negócios.

Em 2012, comprou o banco suíço Sarasin, dobrando o vo­lume de recursos sob sua ad­ministração. Dois anos depois, junto com o empresário brasi­leiro José Luís Cutrale, entrou na disputa (e ganhou) por uma das maiores produtoras de ba­nanas do mundo, a americana Chiquita Brands International, adquirida por US$ 1,3 bilhão.

Hoje, o conglomerado da família Safra inclui, além de bancos na Suíça, no Brasil e em Nova York, mais de 200 imóveis ao redor do mundo, entre eles o famoso Gherkin Building em Londres. A área internacional está sob o co­mando de Jacob, o filho mais velho de Joseph. No Brasil, David e Alberto dividiram a gestão do banco por seis anos até o fim de 2019. Por desen­tendimentos com o irmão, Alberto deixou a instituição e abriu a gestora de recursos ASA Investments.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) emitiu nota na qual afirma que rece­beu com muito pesar a notícia da morte de Joseph Safra. “O legado de sua atuação no de­senvolvimento da economia nacional ficará sempre marca­do na história do Brasil, país que ele adotou 58 anos atrás”, afirma em nota o presidente da Febraban, Isaac Sidney.

Postagens relacionadas

Hemocentro tem bolsa na área de hemoterapia

William Teodoro

STF retoma julgamento que pode descriminalizar uso pessoal de maconha

Redação 2

Larga Brasa

Redação 1

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com