O governador João Doria (PSDB/SP) anunciou nesta quinta-feira, 10 de dezembro, o início da produção nacional da vacina CoronaVac, desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac Life Science. A fábrica ocupa área produtiva de 1.880 metros quadrados e conta atualmente com 245 profissionais.
Outros 120 novos funcionários serão contratados para reforçar a produção da vacina contra o coronavírus. A capacidade de envase diário planejado para a vacina do Butantan contra a covid-19 é entre 600 mil a um milhão de doses. O primeiro lote terá aproximadamente 300 mil doses. Até janeiro, 40 milhões de doses da vacina deverão ser produzidos no local.
“É um momento histórico”, afirmou. De acordo com ele, o instituto começou a produzir o imunizante na noite de quarta-feira (9) e contratou 120 técnicos para auxiliar na produção da vacina, que será feita “24 horas por dia e sete dias por semana”, aumentando sua capacidade de produção para 1,5 milhão de doses por dia.
Doria também informou que os Executivos de doze Estados, entre eles São Paulo, e de 912 municípios já formalizaram seu interesse em adquirir doses da vacina. “Por que iniciar a vacinação em março, como foi anunciado pelo Ministério da Saúde, se podemos iniciar em janeiro, de forma segura e eficiente?”, questiona o governador paulista.
Ele fez referência ao calendário de imunização apresentado pelo Ministério da Saúde na semana anterior. Na segunda-feira (7), Doria já havia afirmado que o Estado pretendia começar o plano de imunização em 25 de janeiro. Horas após o anúncio, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou, em nota, que só libera o uso da vacina após a análise de documentos, como os de dados de “fase 3” da pesquisa.
“Nenhuma das quatro vacinas em desenvolvimento no Brasil apresentou protocolo de registro. Portanto nenhuma das quatro tem aval para uso amplo neste momento”, disse o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, em entrevista à rádio Jovem Pan.
Após passar pela Anvisa, a vacina ainda precisa receber um preço, o que é definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). A análise desse órgão leva até 90 dias, em casos normais, mas a expectativa é de encurtar a análise para as vacinas contra a covid-19.
Na terça-feira (8), João Doria e o ministro da Saúde Eduardo Pazuello se desentenderam durante uma reunião, após o governador cobrar uma posição da pasta em relação à compra da CoronaVac. Em paralelo, especialistas afirmam que é possível distribuir a vacina, desde que ela seja aprovada por pelo menos uma de quatro agências reguladoras internacionais, graças a uma lei federal aprovada no início da pandemia.
Em novembro a revista científica Lancet Infectious Diseases, uma das mais importantes no mundo, publicou os resultados de segurança da Coronavac nas fases 1 e 2, realizados na China, com 744 voluntários. A publicação mostrou que a vacina é segura e tem capacidade de produzir resposta imune em 97% dos casos no prazo de até 28 dias após a aplicação.
No Brasil, a vacina é testada em 13 mil voluntários espalhados por 16 centros de pesquisa de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Na região, participam dos testes o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP/USP) e o Hospital do Amor, em Barretos.
O HC já finalizou a primeira fase de testes da nova vacina contra o coronavírus. Foram selecionados 300 voluntários. Até o fim de março, o governo de São Paulo estima que quase 20% dos 46 milhões de habitantes do estado estejam imunizados com duas doses da CoronaVac. A partir do dia 8 de fevereiro, serão imunizados os idosos com 75 anos ou mais.
Na semana seguinte, a partir do dia 15 de fevereiro, será a vez dos idosos entre 70 a 74 anos. No dia 22 de fevereiro, receberá a imunização a faixa etária de 65 a 69 anos. Por fim, no dia 1º março, serão vacinados os indivíduos de 60 a 64 anos.
O acordo entre o Butantan e a Sinovac Biotech prevê o recebimento, ainda neste ano, de seis milhões de doses prontas do imunizante e matéria-prima para a produção de outras 40 milhões de doses. Em 2021, seriam trazidos insumos para a fabricação de mais 14 milhões, totalizando 60 milhões de unidades, o suficiente para imunizar 30 milhões de pessoas.
No dia 3, São Paulo recebeu 600 litros a granel da vacina CoronaVac, correspondente a um milhão de doses. Com esta remessa já são 1.120.000 doses enviadas pela farmacêutica chinesa Sinovac Life Science ao estado. Esta é a segunda remessa a chegar ao país, sendo a primeira de 120 mil doses prontas recebida no dia 19 de novembro.
Anvisa
A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma resolução que “abre possibilidade aos laboratórios de solicitarem autorização para uso emergencial, em caráter experimental, de vacinas contra covid 19”.
A decisão, deliberada ontem durante a 11ª Reunião da Diretoria Colegiada, oficializa o pedido de uso emergencial de vacina anunciado no dia 2 de dezembro pela própria Anvisa. Segundo a agência, nenhum laboratório solicitou, até o momento, o uso mesmo após a Anvisa ter publicado um guia com os requisitos para esse pedido.