A inflação de novembro ficou em 0,89% com a influência da alta nos preços dos alimentos e dos combustíveis. O percentual é mais alto do que o resultado de outubro, quando ficou em 0,86%. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse é o maior resultado para um mês de novembro desde 2015, quando o indicador atingiu 1,01%.
Considerando todos os meses, a taxa foi a mais elevada desde dezembro de 2019, quando subiu 1,15%. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE nesta terça-feira, 8 de dezembro. O indexador oficial de preços no Brasil encerrou 2019 em 4,31%, acima do centro da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central, de 4,25%.
Neste ano, o IPCA acumula alta de 3,13% e, em doze meses, de 4,31%, ante uma meta central de 4% perseguida pelo Banco Central este ano que tem margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima (índice de 2,50% a 5,50%). Também é maior do que os 3,92% observados nos doze meses imediatamente anteriores. Em novembro de 2019, o indicador havia ficado em 0,51%.
Conforme o IBGE, faltando um mês para o fechamento do ano e com o acumulado de 4,31% em doze meses, a inflação está dentro da meta do governo e próxima ao centro da meta. O gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, informa que esse acumulado ainda está influenciado pela inflação forte de dezembro do ano passado por causa das carnes.
“Vamos ter que esperar para ver como vai ser o comportamento de dezembro deste ano”, aponta. Ele diz que o cenário de novembro é parecido com o notado nos últimos meses, em que o grupo de alimentação e bebidas continua impactando bastante o resultado. “Dentro desse grupo, os componentes que mais têm pressionado são as carnes, que nesse mês tiveram uma alta de mais de 6%, a batata-inglesa, que subiu quase 30% e o tomate, com alta de 18,45%”, emenda.
Os preços de outros produtos importantes na cesta das famílias também subiram, como o arroz (6,28%) e o óleo de soja (9,24%). Após as altas, o grupo de alimentos e bebidas variou 2,54%. Outras variações positivas foram da cerveja (1,33%) e do refrigerante e água mineral (1,05%) consumidos fora do domicílio. Esses dois produtos tinham registrado queda em outubro.
O grupo contribuiu com 0,53 ponto percentual para a taxa de 0,89%. As altas nos custos da alimentação e transportes responderam por 89% do IPCA de novembro.
Transportes
A segunda maior influência no índice de novembro foi o grupo de transportes, que teve alta de 1,33% e impacto de 0,26 ponto porcentual no IPCA. A gasolina subiu 1,64% em novembro, segundo item de maior impacto sobre a inflação do mês, 0,08 ponto percentual, atrás apenas das carnes (0,18 ponto). O etanol teve uma alta de 9,23%, o terceiro maior impacto, de 0,06 ponto.
Os combustíveis ficaram 2,44% mais caros no mês. Houve aumentos ainda nos automóveis novos (1,05%) e usados (1,25%). A passagem aérea subiu 3,22%. O pesquisador destaca, ainda, as altas de seguro voluntário de veículos e do transporte por aplicativo. Os grupos de alimentos e bebidas e transportes representaram cerca de 89% da alta do IPCA de novembro. O gerente da pesquisa diz também que o último mês em que houve deflação foi maio, quando apresentou queda de 0,38%.
Dois dos nove grupos que integram o IPCA registraram deflação em novembro: saúde e cuidados pessoais (-0,13%) e educação (-0,02%). Houve aumento em alimentação e bebidas (2,54%), habitação (0,44%), artigos de residência (0,86%), vestuário (0,07%), transportes (1,33%), despesas pessoais (0,01%) e comunicação (0,29%).
Artigos de residência
Os preços dos artigos de residência recuaram 0,86% em relação ao mês anterior. Conforme a pesquisa, esse movimento pode ser explicado pela queda nos preços dos artigos de TV, som e informática (-1,02%), que tinham aumentado 1,07% em outubro.
INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve elevação de 0,95% em novembro, após um avanço de 0,89% em outubro, segundo dados divulgados pelo IBGE. Com o resultado, o índice acumulou uma elevação de 3,93% no ano. A taxa em doze meses ficou em 5,20%. Em novembro de 2019, o indicador havia registrado alta de 0,54%. O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários mínimos e chefiadas por assalariados.