Tribuna Ribeirão
Geral

Larga Brasa

Dinheiro vivo em sacos de pães
Em uma cidade grande, longe de Ribeirão Preto e de nosso Es­tado, havia um forte esquema do Jogo do Bicho. Em qualquer lugar se fazia as apostas em pules sem carimbo ou impresso oficial. Os ganhadores tinham certeza de que se ganhassem levariam o dinheiro para casa, pois confiavam na diretoria da contravenção. A polícia daquela cidade dividia os lucros com os poderosos, fazendo vistas grossas ou fingindo que com­batia tal crime, prendendo alguns que não tinham ficha suja e liberando outros mais “carregados”. Todos sobreviviam e levavam a vida sem sobressaltos. Os chamados “banqueiros” se irmanavam na fiscalização para que os “novos cristãos” não passassem algum apostador para trás. Mesmo não tendo sido realizado o jogo com seus “cambistas” eles honravam as apostas feitas. Valia tudo no jogo dos sonhos, das conjuga­ções de intenções, etc. E a polícia se contentava com o pouco que lhe sobrava, garantindo o pagamento nas sedes onde se quitava as apostas vencedoras.

Eis que, senão quando
Eis que, senão quando, chegou um delegado da alta cúpula da polícia daquele Estado que queria ganhar mais que todos. Reuniu os bicheiros em um local secreto e determinou: – “Do­ravante vocês deverão comprar uma casa luxuosa para mim, um Landau (o carro mais chique à época) e uma mesada de 20 mil cruzeiros”. Os donos das bancas se assustaram e consta­taram que haviam arrumado um sócio de peso que somente iria levar o lucro e não dividir os prejuízos. Relutaram, explica­ram que os investimentos feitos quando da chegada do chefe foram pesados e que eles iriam quebrar. O chefe da polícia foi irredutível: -“Ordens são ordens, e tenho dito,” sentenciou.

Rearranjo
Os bicheiros se rearranjaram, cortaram despesas, tiraram ou­tros chupins das apostas, deixaram de pagar outros policiais de menor peso e tocaram para frente. O chefão da polícia re­cebia o seu mensalmente e as demais benesses combinadas. Em dado momento, o delegado responsável geral resolveu pegar mais do que ganhava e levou para aquela cidade um grupo de investigadores da capital com os locais onde eram realizadas as apostas e também os pagamentos dos ganha­dores. Prenderam todos os banqueiros. Junto com os donos dos chalés eles levaram cadernetas que documentavam com­pras em açougue, mercearia, farmácias, etc. Além das pules das apostas.

Jogada
Quando chegaram à Delegacia Geral, determinaram aos re­presentantes dos contraventores que levassem muito dinheiro colocado em sacos de papel de pães e os deixassem em um escritório situado diante do prédio da delegacia. Se eles não colocassem a grana ate às 16 horas incluiriam como prova do crime de contravenção as pules dos jogos realmente lavra­das. Caso contrário, se o dinheiro fosse levado, iriam por como prova as cadernetas de açougue, mercearia e farmácia para a Justiça decidir.

16 horas
Às 16 horas em ponto os sacos de dinheiro (acredito que te­nha sido cruzeiros) foram levados ao citado escritório, muito conhecido. Imediatamente o escrivão encarregado do proces­so anexou as cadernetas ao mesmo, garantindo que eram as provas do crime. Os banqueiros ficaram presos aguardando seus defensores ingressarem com defesa no Fórum da locali­dade. Os juízes analisaram as provas e diziam que aquilo não era prova de jogo do bicho, mas sim um atestado de pobreza dos presos. -Foram todos soltos. Alívio geral. Enquanto isso, os paulistanos levavam os “pães” para a capital onde distri­buiriam para os chamados “cardeais” a rapinagem realizada na cidade do interior.

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