A famosa frase atribuída à rainha Maria Antonieta da França no século 18, ”se não tem pão, que comam brioches” produz seus efeitos no atual governo brasileiro. Declarações do presidente, e seus asseclas do primeiro escalão mostram que vivem numa redoma de vidro no centro político do País. O presidente declarou: “não existe fome no Brasil”, e a ministra da agriculturafoi na mesma linha e disse: “têm muitos pés de mangas nas cidades, para saciar a fome da população”. O vice-presidente para não fugir do lamaçal saiu com está perola: “não existe racismo no Brasil”, e o caminho do lamaçal continuou.
O presidente da Caixa Econômica também deu a sua contribuição: “nas minhas recentes andanças pelo País descobri que tem gente morando em lixões” e, para fechar com chave de ouro, o ministro da logística declarou no Plenário da Câmara dos deputados o fim da pandemia, com a seguinte frase: “houve aglomerações nas campanhas eleitorais deste ano, e nada aconteceu – então podemos abolir o distanciamento e o uso das máscaras”.
Na minha infância eu ouvia os mais velhos dizer que quando as coisas não davam certo na vida de alguém, mesmo com todo o esforço do pobre mortal – diziam que era praga de madrinha. Pelo visto essa praga se estabeleceu no Planalto. A democracia, apesar dos seus defeitos, nos permite o debate, apesar das escamoteações que povoam os bastidores das estruturas dos três níveis de governo. Para debater ideias é preciso conhecimento, e o conhecimento não aparece por osmose – tem que ser fomentado.
Nos últimos sessenta anos, todos os países que cuidaram da educação básica, conseguiram galgar o sucesso econômico e social. No entanto estes exemplos não servem para o Brasil. Manter o ostracismo das escolas básicas públicas, principalmente as das periferias pobres é um mantra para os governantes. Em uma democracia a população não tem apenas a arma do voto para sair da condição miserável em que se encontra, a participação e o envolvimento nos assuntos políticos são fundamentais, no entanto está participação é minimizada pelos políticos de carreira, que querem ver a população distante, e essa aproximação só é bem vinda em ano eleitoral.
No entanto essa aproximação que a população deve e precisa ter com as políticas públicas, que afetam as suas vidas diretamente, só se aprende com a prática, e não há melhor lugar para essa essa prática se materializar que não seja na escola básica pública. Só se constrói uma Nação quando a população entender o sentido pleno do que é a palavra cidadania. Os resultados apresentados nas últimas eleições mostraram para a elite política dominante a importância de se monopolizar os conhecimentos, não permitindo que cheguem à base.
Anísio Teixeira já dizia: “Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é assim, vida no sentido mais autêntico da palavra”. Uma educação de qualidade produz autonomia e cidadania, talvez seja por isso que o topo da pirâmide age com tanta eficácia para não permitir que a escola pública básica seja um local de produção de conhecimentos.
Mesmo com todas as dificuldades não desistimos, e isso causa medo nessa gente engomada. A população desvalida cansou de ser boi de piranha, e mesmo com dificuldades o conhecimento das tecnologias estão sendo absorvidos. Tudo vai mudar, a correria vai ser geral, com os ratos engomados fugindo para suas tocas. Nesse dia apopulação carente, e sem direitos vai ocupar a avenida, e não vai ser carnaval – não vai sobrar pedra sobre pedra.