Tribuna Ribeirão
Economia

PIB sobe 7,7% no terceiro trimestre

WASHINGTON ALVES/REUTERS

O Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços finais produzidos no país, cresceu 7,7% no terceiro trimestre, em relação ao perí­odo anterior. Segundo o Insti­tuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os núme­ros das Contas Trimestrais, essa é a maior variação desde o início da série em 1996, mas ainda insuficiente para recu­perar as perdas provocadas pela pandemia.

O resultado, divulgado nes­ta quinta-feira, 3 de dezembro, indica ainda que a economia do país se encontra no mesmo patamar de 2017, com uma perda acumulada de 5% de ja­neiro a setembro, em relação ao mesmo período de 2019. Na comparação com o mesmo tri­mestre de 2019, o PIB, apresen­tou recuo de 3,9% e, em valores correntes, chegou a R$ 1,891 trilhão. Desse valor, R$ 1,627 trilhão em Valor Adicionado a Preços Básicos e R$ 264,1 bi­lhões em Impostos sobre Pro­dutos Líquidos de Subsídios.

Para a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, o crescimento ocorreu sobre uma base muito baixa, quando o país estava no auge da pandemia no segundo trimestre. “Houve uma recupe­ração no terceiro, contra o se­gundo trimestre, mas se olhar­mos a taxa interanual, a queda é de 3,9% e no acumulado do ano ainda estamos caindo, tan­to a Indústria quanto os Servi­ços. A agropecuária é a única que está crescendo no ano, muito puxada pela soja, que é a nossa maior lavoura”, diz.

No terceiro trimestre a indústria cresceu 14,8% e os serviços subiram 6,3%. Já a agropecuária registrou que­da de 0,5%. De acordo com o IBGE, a expansão do PIB no período foi causada, principal­mente, pelo desempenho da indústria, com destaque para o crescimento de 23,7% no setor de transformação. Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos também cresceram (8,5%), como a construção (5,6%) e as indús­trias extrativas (2,5%).

“Olhando pela ótica produ­tiva, o destaque foi a indústria de transformação, até pelo fato de ter caído bastante no segun­do trimestre (-19,1%), com as restrições de funcionamento. A indústria cresceu como um todo 14,8%, e a de transforma­ção 23,7%, mas voltamos ao patamar do primeiro trimes­tre”, observou Rebeca.

Serviços
O setor de serviços, que foi destaque no resultado e tem o maior peso na economia, regis­trou alta em todos os segmen­tos: comércio (15,9%), trans­porte, armazenagem e correio (12,5%), outras atividades de serviços (7,8%), informação e comunicação (3,1%), admi­nistração, defesa, saúde e edu­cação públicas e seguridade social (2,5%), atividades finan­ceiras, de seguros e serviços re­lacionados (1,5%) e atividades imobiliárias (1,1%). A coorde­nadora lembra que o setor caiu 9,4% no segundo trimestre e agora avançou 6,3%, mas ainda não recuperou o patamar do primeiro trimestre.

A explicação é que hou­ve uma queda tanto na oferta quanto na demanda.

“Mesmo tendo sido retira­das as restrições de funciona­mento, as pessoas ainda ficam receosas para consumir, princi­palmente os serviços prestados às famílias, como alojamento, alimentação, cinemas, acade­mias e salões de beleza. O de­sempenho melhorou em rela­ção ao segundo trimestre, mas ainda não voltou aos patamares antes da pandemia”, aponta.

Agricultura
A variação negativa de 0,5% na agricultura foi consequência de um ajuste de safra. “O desta­que é o crescimento de 2,4% no acumulado do ano, ante uma queda de 5,1% da Indústria e 5,3% dos Serviços”, informa.

Consumo das famílias
Rebeca observa ainda que o consumo das famílias (65%) – o que mais pesa pela ótica da despesa –, teve expansão de 7,6%, resultado que é muito parecido com o do PIB. O in­dicador havia caído 11,3% no segundo trimestre, mas no ter­ceiro, o consumo de bens subiu bastante, especialmente, bens duráveis e bens alimentícios da cadeia agroalimentar.

Investimentos
Os investimentos (For­mação Bruta de Capital Fixo) subiram 11%, mas neste caso também, o desempenho está relacionado à base de com­paração com o segundo tri­mestre em que havia caído 16,5%. “No acumulado do ano, a queda é de 5,5%. E o país ainda tem investimento em equipamentos importa­dos e como o dólar está alto, influencia para baixo”, afir­mou a coordenadora.

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