Por Bárbara Correa, estagiária sob supervisão de Charlise Morais
Carolinie Figueiredo usou as redes sociais no Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher para relatar que sofreu violência obstétrica no parto da filha Bruna Luz, 9, que fez aniversário na mesma data.
Além de compartilhar que a experiência de dar à luz pela primeira vez foi traumática, a atriz de 31 anos, que também é mãe de Theo, 6, falou sobre um abuso sexual que também sofreu na adolescência.
“Minha história de compreensão da violência começou há nove anos, na chegada da minha filha ao mundo. Por ter sido um parto vaginal e sem anestesia, eu não compreendia o que tinha acontecido. Eu tinha 22 anos. Dois anos depois, eu estava grávida do meu segundo filho. Ao repassar as experiências do primeiro parto com a médica, ela me disse: ‘O que aconteceu foi uma violência obstétrica e você precisa elaborar isso'”, disse ela.
“Um filme passou na minha cabeça: não só a privação de água e comida, o impedimento de movimentar meu corpo. Não só as palavras de descrédito e humilhação sobre meu processo de parir, mas também a manobra de Kristeller”, continuou Carolinie. Tal manobra trata-se de uma prática perigosa que consiste em empurrar a barriga da mãe para que o bebê saia mais rápido.
Sobre a experiência, ela enfatizou: “Essas dores estão vivas nas nossas células, na sensação física de limites que foram atravessados. Fica a vontade de chorar, o nó na garganta, as memórias que estão gravadas e emergem nos registros do corpo”, escreveu.
“A verdade é que todas nós já sofremos algum tipo de assédio, abuso ou violência. Se você não lembra é só uma questão de tempo até seu sistema nomear. São as fichas que vão caindo ao longo da vida. Eu demorei 15 anos pra compreender que a maneira que perdi minha virgindade também foi um estupro”, relembrou.
Por fim, Figueiredo deixou um recado para Bruna. “Filha, hoje é seu aniversário de 9 anos. Parte do meu trabalho é limpar o terreno para que você pise com mais segurança. Estamos abrindo espaço para que seu caminho seja mais livre. Esse movimento não é só meu, mas de todas mulheres que vieram antes. Mulheres que atravessaram tudo isso sem ter espaço de fala e escuta. Quando você puder compreender toda essa história, eu espero que você sinta orgulho e admiração por esse movimento”, disse ela.