Tribuna Ribeirão
Ciência e Tecnologia

Pesquisadores dizem que o Google usa reCAPTCHA para coletar dados

Pesquisadores americanos afirmam que o Google usa a ferramenta reCAPTCHA para a obtenção dos dados de navegação dos usuários. Apesar de a empresa negar, os analistas digitais mostram evidências que de que a big tech usa o sistema de reconhecimento de robôs para captar e vender informações dos internautas para anúncios direcionados.

De acordo com Zach Edwards, cofundador da Victory Medium, empresa de análise web, um código JavaScript que é incorporado ao reCAPTCHA possibilita que o Google use os rastros da internet para fazer a sincronização em triângulo. Essa técnica possibilita que dois domínios diferentes consigam associar um mesmo conjunto de cookies para que, ambos, tenham acesso aos dados de navegação de um usuário.

Essa prática é muito comum na publicidade para que duas empresas aproveitem informações de uma mesma pessoa. No entanto, há empresas, como o Google, que operam mais de um domínio e também usam desta técnica para ampliar seus arquivos.

“Então, o gstatic.com (domínio do reCAPTCHA) faz uma sincronização de triângulo com o Google.com para que um usuário seja encontrado nos sites em que o sistema de reconhecimento está incorporado”, diz o especialista.

ReproduçãoO sistema de captcha pede que os usuários respondam questões ou marquem caixas “eu não sou robô” para provar que não são sistemas de spam. Foto: Pixabay

Apesar de o Google negar o uso deste método de captação de dados e afirmar que o sistema foi projetado para ser incapaz de coletar cookies, Edwards comenta que os termos do sistema reCAPTCHA mantém diversas referências a cookies e afirma que, mesmo se o administrador tentar bloquear terceiros, o gstatic define o código de preferência NID, que é um código exclusivo do Google.

Outros especialistas se manifestaram sobre o assunto, como o pesquisador de privacidade e ex funcionário da agência federal americana de proteção ao consumidor FTC (Comissão Federal do Comércio), Ashkan Soltani.

Em um post no Twitter, Soltani atestou as afirmações de Edwards e postou um vídeo mostrando a descrição das solicitações de rede de uma página que usa o reCAPTCHA.

Para ele, o gigante das buscas está fazendo hoje o mesmo que fez em 2011 e 2012, quando contornava o bloqueio de cookies do Safari, o navegador oficial da Apple. Na época, a FTC multou a empresa em 22,5 milhões de dólares por enganar os usuários do navegador.

O que isso implica na sua navegação

O uso dos cookies é feito pelos diversos domínios da internet. A maioria deles argumenta que o rastreio online serve para oferecer uma melhor experiência de navegação aos usuários. No entanto, de forma geral, as empresas ganham dinheiro quando montam bancos de informações e vendem para outras que querem direcionar anúncios.

Para quem não deseja compartilhar seus dados com páginas da web, há algumas opções para bloquear a captação das informações, como o navegador DuckDuckGo e a proteção do Google Chrome contra cookies de terceiros.

Fonte: The Register

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