Quem passa em frente ao Cemitério da Saudade, localizado na avenida que lhe dá nome no bairro Campos Elíseos, em Ribeirão Preto, não imagina que no local existem 7.604 sepulturas e 134 mil pessoas enterradas. Também deve desconhecer que cinquenta e quatro trabalhadores atuam lá sendo, seis servidores municipais concursados, 28 trabalhadores terceirizados que fazem a manutenção do local e 20 vigilantes divididos em turnos durante as 24 horas. Além destes profissionais ligados a estrutura administrativa do local, cerca de sessenta pessoas trabalham lavando túmulos.
Localizado no bairro mais populoso de Ribeirão Preto ele fica no quadrilátero formado pela avenida da Saudade e ruas Flavio Uchoa, Luiz Barreto e Fernão Salles. Nas quatro entradas estão localizados guaritas e banheiros públicos, sendo que na entrada principal – pela avenida da Saudade – fica a área administrativa. Atualmente em função da pandemia do coronavírus, apenas as entradas da rua Flavio Uchoa e a da avenida Saudade estão funcionando. No interior existe ainda uma capela e um cruzeiro com local próprio para queimar velas.
Inaugurado em 1893 o cemitério possui muitos jazigos imponentes construídos em uma época em que a importância e o status econômico de quem falecia eram traduzidos em seus túmulos. Por isso, lá é possível encontrar lado a lado desde grandes jazigos pertencentes a famílias consideradas tradicionais na cidade, até construções mais simples, mas que buscam destacar publicamente a importância sentimental e a saudade de quem está enterrado.
Um equipamento existente e desconhecido por muitas pessoas que passam pelo local é um túnel subterrâneo – tipo metrô – existente em parte do cemitério. O túnel passa entre as sepulturas possibilitando que novos enterros sejam feitos sem que se precise danificar a parte externa dos jazigos. Com este sistema é possível acessar as gavetas de cada túmulo em nível abaixo do solo e realizar novos sepultamentos quando necessário.
Difícil localização
Uma característica peculiar do Cemitério da Saudade é que os jazigos de uma mesma quadra não obedecem uma ordem numérica cronológica. Isso porque, no começo da comercialização deles – nos anos 1900 – o comprador podia escolher a localização do túmulo e o número dele era dado a partir da venda seguindo uma ordem numérica. Assim o jazigo de numero 50, por exemplo, não está localizado ao lado do 51, mas em outra parte qualquer do cemitério.
Essa descontinuidade numérica dificultou durante muito tempo, que alguém que não conhecesse a localização do túmulo de um parente ou amigo, pudesse localizá-lo rapidamente. Em alguns casos era obrigado a esperar até uma semana para que os funcionários o localizassem. Outro fator que contribuía para essa demora era a não informatização da parte administrativa do cemitério. Os registos dos sepultamentos e a localização de cada túmulo eram feitos em livros.
A informatização
Há quinze anos o servidor municipal Manoel Carlos Sabino é o responsável pela administração e pelo dia a dia do Cemitério da Saudade. Ele iniciou sua vida pública há trinta e três anos como digitador no hoje extinto Departamento de Urbanizacão e Saneamento de Ribeirão Preto (Dursarp) e foi o responsável pela informatização do local. Atualmente, segundo ele, 85 % dos registros de sepultamentos e a localização de grande parte dos jazigos estão informatizados. Já o percentual que falta está sendo informatizado pelos servidores quando não estão executando outro serviço.
Dados técnicos do Cemitério da Saudade
Inaugurado no dia 30 de setembro de 1893
Área de 110.000 m²
7.604 jazigos (sem área para novas concessões)
2.622 gavetas ossuárias
134.114 pessoas sepultadas