Tribuna Ribeirão
Economia

‘Cesta da pandemia’ está 9,98% mais cara

Em meio ao afrouxamento do isolamento social e à retoma­da lenta de alguns setores da eco­nomia, como o varejo, os preços da “cesta da pandemia” seguem em alta em outubro, segundo levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

O estudo tem por base nos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), do Instituto Bra­sileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e indicam que o valor da cesta subiu 9,98% neste mês em comparação ao mesmo perí­odo do ano passado. É o maior crescimento para um mês de outubro desde 2016.

Em setembro, a cesta regis­trou alta de 8,52% – e, em agos­to, cresceu 8,10%. A prévia da inflação de outubro, vale dizer, é de um aumento de 0,94%, se­gundo o IPCA-15. A “cesta da pandemia” é uma elaboração da FecomercioSP para mensurar o desempenho dos preços de três grupos de produtos consi­derados essenciais para a sub­sistência em um momento de crise, como o atual: alimentação e bebidas; habitação; e saúde e cuidados pessoais.

Entre eles, a alta mais signifi­cativa foi do primeiro grupo, de alimentação e bebidas – 19,68% em comparação a outubro de 2019. Só o arroz está 50,81% mais caro agora do que há doze meses, por exemplo. Depois dele, itens como feijão (44,72%), leite (34,9%) e maçã (34,16%), além de carnes bovinas como músculo (36,33%), contrafilé (33,13%) e alcatra (25,9%), tam­bém tiveram aumentos expres­sivos nos preços em outubro. Por outro lado, produtos como batata-inglesa (-13,32%), cebola (-12,13%) e cerveja (-3,33%) re­gistram queda.

Encontrar alimentos bá­sicos com valor mais alto nas gôndolas dos supermercados também pressiona o custo de vida para cima, como apon­ta pesquisa da FecomercioSP com dados de São Paulo. Os produtos do grupo de habi­tação tiveram crescimento de 8,22% – também o maior para um mês de outubro des­de 2016 –, com destaque para o aumento de 10,19% no preço do detergente, em comparação com o ano passado.

Já os itens de saúde e cuida­dos pessoais ficaram 2,75% mais caros, abaixo da média – consi­derando a inflação dos outros dois grupos. A expansão dos preços da “cesta da pandemia”, segundo a Federação, é resulta­do de fatores como o crescimen­to da demanda interna em meio à crise, a alta do dólar – que im­pacta nos custos de produção de alguns produtos – e, espe­cialmente, no caso das carnes, o apetite do mercado exterior sobre partes bovinas e suínas. Ainda de acordo com a Feco­mercioSP, a previsão é de que os preços dos alimentos conti­nuem crescendo nos próximos meses, tanto pelas baixas dos estoques agora em compara­ção a 2019 quanto pela atração em exportar em dólar.

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