Tribuna Ribeirão
Cultura

Material de Renato Russo é investigado

RICARDO JUNQUEIRA/CEDIDA POR LEGIÃO URBANA PRODUÇÕES

O caso Legião Urbana tem munição para render mais do que um episódio policial. Des­de a manhã de terça-feira, 27 de outubro, quando policiais da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra Propriedade Imaterial (DRCPIM) foram à casa do produtor Marcelo Fróes com um mandato de busca e apreensão para reco­lher seu celular e seu computa­dor, a história cresce.

Os agentes policiais, um deles sem máscara, estavam ali para descobrir possíveis “mú­sicas inéditas de Renato Russo” que Fróes guardaria à revelia do detentor dos direitos auto­rais do cantor morto em 1996, seu filho, Giuliano Manfredini. Os fonogramas de Renato per­tencem não a Giuliano, mas à gravadora EMI. E, mesmo que eles existam, não seria crime tê-los uma vez que não estão sendo comercializados.

Mas a história segue. Mar­celo diz que prepara um vo­lumoso depoimento à polícia para esta quinta-feira (29). Ele contou que vai apresentar dois contratos, um assinado com a gravadora EMI e outro com a família de Renato Russo, quando os direitos do cantor eram tratados ainda com o pai de Renato, seu Manfredini. Giuliano, à época, ainda não era maior de 18 anos para as­sumir os negócios.

Marcelo conta que foi con­tratado tanto pela gravadora quanto pela família para fazer um levantamento das grava­ções espalhadas de Renato Russo pelos estúdios em que ele gravou. Ele entregou o tra­balho em um relatório com o nome das músicas em 2003.

Depois disso, como pro­dutor, lançou legalmente três álbuns póstumos de Rena­to: “Renato Russo Presente” (2003), “O Trovador Solitá­rio” (2008) e “Duetos” (2010), além de dois DVDs (“Uma Celebração”, de 2005, e “En­trevista MTV”, de 2006). Em 2010, conta, Giuliano tomou as rédeas dos negócios e se afastou da família e dos mú­sicos do Legião.

Um esclarecimento im­portante, que talvez seja o ca­pítulo que mais interesse aos fãs: segundo Marcelo Fróes e o produtor musical do Le­gião, Carlos Trilha, também citado na operação que a po­lícia batizou de “Será”, não há músicas inéditas de Renato. O que existe são letras e gra­vações de músicas conheci­das em outros takes.

E fala mais: “As tais ‘ver­sões inéditas’ de músicas que já existem é quase certo que sejam apenas remixagens uti­lizando-se as vozes guia das faixas que possuíam este re­gistro (Renato odiaria isso).” Fróes, enquanto isso, se diz prejudicado. “Sem celular e sem computador, estou im­pedido de trabalhar. E não há prazo para que eu possa rea­ver meus equipamentos.”

Renato Russo morreu em outubro de 1996, aos 36 anos, em complicações decorrentes da aids. Ele deixou algumas músicas gravadas, que foram aproveitadas pela gravadora para lançar o álbum póstumo, “O Último Solo”, em 1997. Em 2000, foi lançada uma co­letânea com sua obra solo e mais duas músicas inéditas: as regravações de “A Carta”, de Erasmo Carlos, e “A Cruz e a Espada”, de Paulo Ricardo.

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