Tribuna Ribeirão
Economia

Copom mantém Selic em 2% ao ano

AGÊNCIA BRASIL

Em meio ao aumento da inflação de alimentos que co­meça a estender-se por outros setores, o Banco Central (BC) não mexeu nos juros básicos da economia. Por unanimida­de, o Comitê de Política Mone­tária (Copom) manteve a taxa Selic em 2% ao ano. A decisão desta quarta-feira, 28 de outu­bro, era esperada pelos analis­tas financeiros.

Em nota, o Copom in­formou que, apesar da alta observada no preço dos ali­mentos e de itens industriais, o efeito sobre a inflação será temporário. O órgão, no en­tanto, aumentou a projeção para a inflação oficial em 2020, de 2,1% em setembro para 3,1% agora. Esse cenário supõe a manutenção dos juros básicos em 2% ao ano e dólar em torno de US$ 5,60.

Sobre as perspectivas econô­micas, o comunicado ressaltou que o ressurgimento da pan­demia de covid-19 em diversos países tem provocado a desace­leração da retomada em diversas economias. No cenário interno, o Copom informou que a recu­peração segue desigual confor­me os setores da economia e que a incerteza permanece acima da usual, sobretudo para o período de fim de ano, com a redução do auxílio emergencial.

Com a decisão de ontem, a Selic está no menor nível des­de o início da série histórica do Banco Central, em 1986. Em julho de 2015, a taxa chegou a 14,25% ao ano. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018. Em ju­lho de 2019, a Selic voltou a ser reduzida até alcançar 2% ao ano em agosto deste ano.

Inflação
A Selic é o principal instru­mento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Na­cional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Nos doze meses terminados em setembro, o in­dicador fechou em 3,14%. Ape­sar de estar em aceleração por causa da alta dos alimentos, o IPCA continua abaixo do nível mínimo da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Na­cional (CMN).

Para 2020, o CMN fixou meta de inflação de 4%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não poderá supe­rar 5,5% neste ano nem ficar abaixo de 2,5%. A meta para 2021 foi fixada em 3,75%, também com intervalo de to­lerância de 1,5 ponto percen­tual. No Relatório de Inflação divulgado no fim de setem­bro pelo Banco Central, a autoridade monetária esti­mava que o IPCA fecharia o ano em 2,1% no cenário base. Esse cenário considera as es­timativas de mercado.

A projeção, no entanto, fi­cou defasada diante do repique da inflação nos últimos me­ses. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divul­gada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 2,99%. A redução da taxa Selic esti­mula a economia porque juros menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômica.

No último Relatório de In­flação, o Banco Central proje­tava encolhimento de 5% para a economia neste ano. Essa foi a segunda projeção oficial do BC revisada após o início da pandemia de covid-19. O mercado projeta contração um pouco menor. Segundo a últi­ma edição do boletim Focus, os analistas econômicos pre­veem contração de 4,81% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços pro­duzidos pelo país) em 2020.

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