Tribuna Ribeirão
Saúde

Oxford – Vacina produz resposta imunológica em idosos

DADO RUVIC/REUTERS

A vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Universida­de de Oxford produz resposta imunológica similar em adul­tos mais velhos e mais jovens e tem reações adversas meno­res entre os idosos, anunciou a farmacêutica AstraZeneca nesta segunda-feira, 26 de outubro. A vacina, produzida em parceria da empresa com a universidade, está sendo testada no Brasil.

Uma vacina eficaz é vista como divisor de águas na luta contra o novo coronavírus, que já matou mais de 1,1 milhão de pessoas, abalou a economia global e impactou a vida de milhões em todo o mundo. A vacina de Oxford, agora em fase final de testes em huma­nos com o objetivo de mostrar sua eficácia e segurança, é a pioneira na corrida global por um imunizante para proteger vidas e impulsionar economias prejudicadas pela pandemia do novo coronavírus.

“É animador ver que as respostas imunológicas foram similares entre adultos mais velhos e mais jovens e que as reações adversas foram meno­res em adultos mais velhos, que têm maior risco de gravidade da doença”, disse um porta­-voz da AstraZeneca à agên­cia Reuters. “Esses resultados ajudam a construir a evidên­cia para a segurança e imu­nogenicidade da AZD1222”, disse o porta-voz, ao usar o nome técnico da vacina.

A notícia de que pessoas mais velhas produzem respos­ta imunológica com a vacina é positiva porque o sistema imunológico enfraquece com a idade e os mais velhos têm maior risco de morrer com a covid-19. O porta-voz da farmacêutica se manifestou após a informação ter sido publicada mais cedo pelo jornal The Financial Times.

O periódico inglês afirmou que a vacina produziu uma “resposta robusta” em idosos, que são o grupo para o qual a covid-19 traz o maior risco. De acordo com a reportagem, a vacina provoca a produção de anticorpos protetores e de cé­lulas T em idosos. Os exames de sangue que testam a imuno­genicidade feitos em pacientes mais velhos parecem corro­borar resultados divulgados em julho, que mostraram que a vacina gera “respostas imu­nes robustas” em um grupo de adultos saudáveis de 18 a 55 anos, disse o Financial Times.

O jornal afirmou que deta­lhes dos novos resultados de­vem ser divulgados em breve em uma publicação científica. O FT pondera, no entanto, que os testes de imunogenicidade positiva não são ainda garantia de que a vacina se confirma­rá como segura e efetiva em pessoas mais velhas. Isso só será conhecido quando os tes­tes clínicos forem finalizados.

A vacina de Oxford/As­traZeneca é uma das que es­tão com os testes mais avan­çados. Ela está na fase 3 dos ensaios clínicos, assim como a da chinesa Sinovac, feita em parceria com o Instituto Bu­tantan, a da Pfizer e da BioN­Tech. É somente ao final da fase 3 que consegue atestar a eficácia de uma vacina.

O ministro da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, disse que uma possível vacina ainda não está pronta, mas o governo já prepara a logística de distribuição. Ele acredita que a vacinação pode ocorrer no primeiro semestre de 2021.

Em entrevista à BBC, Han­cock foi questionado sobre a possibilidade de vacinação ain­da neste ano. “Eu não descarto (a possibilidade), mas não é a minha real expectativa. O pro­grama (de desenvolvimento da vacina) está indo bem, mas ainda não chegamos lá”, disse.

A vacina AZD1222 deve gerar proteção por um ano, segundo declaração feita em junho pelo CEO da Astra­Zeneca, Pascal Soriot. A far­macêutica britânica firmou parcerias com fornecedores e governos em todo o mundo, incluindo o Brasil.

Ao todo, dez mil voluntá­rios participam dos testes da vacina no Brasil, realizados pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). No final de junho, o governo brasilei­ro anunciou um acordo de cooperação com a Universi­dade de Oxford e a farmacêu­tica AstraZeneca para a pro­dução em território nacional da vacina. O imunizante será fabricado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

No início deste mês, a Agência Nacional de Vigi­lância Sanitária (Anvisa) deu início ao processo de revisão de dados para registro da va­cina no Brasil, realizado por submissão contínua, ou seja, as informações são avaliadas conforme se tornam disponí­veis, não apenas no momento de um pedido formal.

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