Por Camila Tuchlinski
Cada um de nós tem um olhar específico para o mundo após o surgimento da pandemia. Mas Monja Coen decidiu colocar os sentimentos em palavras e escrever um livro inspirado na literatura de cordel. “Vírus” questiona se estamos “todos no mesmo barco”, se vamos sair dessa experiência melhores como seres humanos e o que 2020 vai deixar de legado.
“Só posso escrever sobre o que estou vivenciando: a pandemia e o vírus. E o livro saiu exatamente por causa disso. O que está acontecendo, não só comigo, mas com o mundo? Levei meses escrevendo, o livro não foi feito em dois, três dias. Escrevi ao mesmo tempo que ouvia o noticiário da televisão atrás de mim”, relata Monja Coen.
Ela explica que escutava sempre as análises de Luiz Felipe Pondé e Mario Sergio Cortella, as médicas do Hospital Emílio Ribas dando seus pareceres, além do noticiário sobre mortes e impactos da covid-19. “Ao mesmo tempo, fui deixando minha capacidade criativa livre para expressar o que eu sentia, para o que estava acontecendo no mundo, para as possibilidades, para os fatos e para a imaginação. Então foi muito agradável escrever e surpreendente porque há trechos rimados como na literatura de cordel. A pessoa que fez o design gráfico, a Regina Cassimiro da Catavento Design, criou a capa como um livrinho de cordel. Ficou muito bonita”, afirma.
O e-book foi lançado no dia 8 de outubro, de maneira gratuita, e foram feitos mais de quatro mil downloads no dia. Esta é uma publicação independente da monja. “Várias editoras fizeram contato nesta pandemia e uma delas pediu que eu escrevesse um livro. Escrevi e a editora não aprovou. Nunca tive um livro não aprovado. Ele ficou pequeno, curto, um pouco como literatura de cordel. E esse livro (“Vírus”) é muito querido porque foi muito espontâneo. Achei que seria bom compartilhar com outras pessoas. E primeiro ofereci gratuitamente, porque ensinamentos não existem para que tenhamos lucro, mas para que possamos compartilhá-los”, enfatiza. Agora ele está sendo vendido por R$ 5 e, a partir de janeiro, será R$ 15 para cobrir os custos de produção.
Monja Coen acrescenta que continua com parceria com diversas editoras, como Planeta, Papirus, Bella, Vozes, Record e Citadel. “O editor às vezes tem ideias específicas e pode influenciar o autor tirando a liberdade criativa. Então, achei que o caminho independente, com 73 anos de idade, permite que eu divulgue trabalhos mais livremente. É por aí que eu estou indo. Mantenho as duas formas”, conclui.