O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado escondendo mais de R$ 30 mil na cueca, pediu licença de 121 dias na manhã desta terça-feira, 20 de outubro. A decisão foi comunicada ao Senado. Com a medida, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu suspender sua decisão que determinou que o afastamento do democrata.
A medida foi tomada nesta terça-feira, após o parlamentar se antecipar ao julgamento que poderia confirmar a decisão e pedir seu afastamento por 121 dias. Com a decisão de Barroso, o plenário do STF não vai mais precisar julgar o caso nesta quarta-feira (21), e o Senado não precisará decidir se mantém ou não o afastamento.
Barroso manteve, porém, a proibição do senador de falar com outros investigados do caso. O afastamento foi decidido por Barroso um dia depois de Rodrigues ter sido flagrado pela Polícia Federal com R$ 33.150 na cueca – além de R$ 10 mil e US$ 6 mil guardados em um cofre. A assessoria do parlamentar afirma que a decisão do democrata “é irrevogável, irretratável e sem recebimento de salários no período”.
O senador é suspeito de participar de um esquema de desvio de recursos destinados ao combate à covid-19. Desde que o escândalo veio à tona, após a operação da PF e da Controladoria-Geral da União identificar irregularidades na aplicação de emendas parlamentares, o presidente Jair Bolsonaro procura se desvencilhar do antigo aliado, que era vice-líder do governo no Senado e perdeu o posto.
Pelo regimento do Senado, a substituição de Chico Rodrigues pelo primeiro suplente, que é seu filho, Pedro Rodrigues (DEM-RR), só ocorreria se a licença fosse superior a 120 dias. No período da manhã, o senador chegou anunciar sai licença por 90 dias, mas apresentou uma retificação à tarde.
Na segunda-feira (19), em nota, os advogados de Rodrigues afirmaram que os R$ 33 mil encontrados pela Polícia Federal nas vestes íntimas do senador se destinavam ao pagamento dos funcionários de uma empresa da família. Além disso, a defesa alega que o democrata “está sendo linchado por ter guardado seu próprio dinheiro”.
Ainda na segunda-feira o senador deixou o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, mas ainda é alvo de uma representação que pode cassar seu mandato na Casa. Chico Rodrigues fazia parte do colegiado que agora pode julgá-lo. Ele pediu para sair da comissão. O ofício foi entregue ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado às 13h20 de segunda-feira, com um pedido sucinto ao presidente do órgão, Jayme Campos (DEM-MT): “Com meus cordiais cumprimentos, solicito meu desligamento imediato do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar”.
A vaga de Chico Rodrigues pertence ao bloco parlamentar Vanguarda, formado por DEM, PL e PSC. Cabe ao grupo partidário indicar um substituto para a cadeira. O Conselho de Ética está com atividades paralisadas por causa da pandemia. Diante do escândalo que envolve o senador do DEM de Roraima, parlamentares pressionam o Senado para reativar a comissão e abrir um processo contra ele. A decisão, porém, cabe ao presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP).