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Quem Ribeirão elege

Os ribeirão-pretanos deveriam estar sendo motivados a escolherem os novos administradores da cidade. É a eleição mais próxima da população, porque os candidatos convivem em seu meio.

A menos de um mês da votação o desinteresse pelo pleito é nítido, bem diferente de outras ocasiões. Várias são as razões: o custo da campanha, a corrupção na política com práticas de grosseiras roubalheiras (dinheiro na cueca), afas­tamentos de senadores, prisões e escândalos por toda parte.

Em geral, os brasileiros revelam cansaço com a forma de condução das disputas, com horários obrigatórios organi­zados para afastar os novos competidores, privilegiando os detentores de mandatos que podem se reeleger. A lei eleitoral é feita por eles, para eles.

A propaganda não revela as qualidades dos candidatos. Pelo contrário, são diminuídos nos conhecimentos que pos­suem, na experiência que carregam e de onde se originam. Afeta a todos, pior para os novatos.

Sem os antigos comícios, nem debates (TV e rádios só realizam nas capitais e em “grandes cidades”; Ribeirão Preto foi excluída). Só se sabe que um candidato quer terminar as obras, o outro está preocupado com a “vovozinha”; fala-se em cidade limpa, gestão transparente, saúde para todos, melhor transporte público. São “compromissos” óbvios, o mínimo esperado pelos eleitores: não sensibilizam.

Faltam ideias inovadoras, arrojadas (ninguém está co­brando o “metrô de Ribeirão”, a “praia dos Campos Elíseos” ou coisas do gênero). Uma competição empobrecida, nem desperta a juventude (futurista, questionadora!)

Talvez a pandemia tenha abalado os marqueteiros que, com sequelas (afetou a inteligência), estão sem criatividade.

Pessoas experientes se mostram preocupadas. Como defi­nir o voto? Quem poderá se eleger?

Ribeirão elegia os fazendeiros (então donos da economia, produtores do café). Advogados, médicos e professores sem­pre se revezaram na Prefeitura.

Nas últimas décadas (depois da ditadura Vargas), tam­bém comandaram a cidade: jornalista, doméstica, radialista, ruralista (nome moderno dos fazendeiros), donos de jornais, comerciantes, empresário da construção civil, coronel da Polícia Militar, assistente social e engenheiro agrônomo.

Não se elegeram para o cargo: padre, administrador de empresa, donos de rádios, dono de cinema, funcionários públicos (municipal, estadual, fiscal de renda federal), ator de cinema, repórter político e policial, presidente de clube social, tenente do Exército aposentado, usineiro, dono de escola, procurador do Estado e odontólogo.

Desde a eleição de 1996 os promotores de justiça (Ministé­rio Público) se interessam pelo cargo de Prefeito de Ribeirão. O atual Vice se elegeu em 2016. Um aposentado concorre em 2020. As denúncias (do passado) aproximaram os membros da Promotoria: é uma nova fase do Município.

De todos esses dados o que parece menos interessar é o partido. As siglas nem são destacadas na propaganda. Suas cores tradicionais se alteram. Sugere que estão desgastados, sem ideologia, nem credibilidade. Devem ter o destino dos anteriores: a extinção. Não são um bom critério para o voto.

Evite decepção.

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