João Camargo
Durante o mês de outubro, campanhas de conscientização para alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama já se tornaram uma prática recorrente. O chamado “Outubro Rosa” busca combater a mortalidade do câncer que é o mais incidente nas mulheres em todo o mundo. Mesmo assim, os casos continuam. Em 2019 a média desse tipo de câncer em Ribeirão Preto foi de um a cada dois dias e meio.
De acordo com informações do Instituto Nacional de Câncer (Inca), além desta alta incidência, o câncer de mama é a quinta causa de morte pela doença em geral e a causa mais frequente de morte por câncer em mulheres.
Em Ribeirão Preto, no ano de 2019, foram confirmados 144 casos de câncer de mama em mulheres (uma média de um a cada 60 horas, aproximadamente). Em 2020, até o momento, são 15 casos suspeitos (mulheres que realizaram mamografia, apresentaram alteração e estão aguardando conclusão diagnóstica) e sete confirmados em mulheres usuárias do serviço público de saúde. Os dados são da Secretaria Municipal da Saúde, por meio do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher.
Mas os números de 2020 podem ser maiores. A Secretaria Municipal da Saúde ressalta que, em decorrência da pandemia do novo coronavírus, que se tornou prioridade, houve uma redução no alcance das metas estabelecidas para uma melhor cobertura do rastreamento mamográfico.
Diante desta perspectiva, alerta a população feminina a procurar as unidades de saúde da rede municipal para solicitação e realização do exame de mamografia, principal aliado na identificação precoce do câncer de mama.
Ainda segundo a Secretaria, neste ano, serão realizadas ações de prevenção e rastreamento do câncer de mama e do de colo do útero que teve seu marco histórico, que ocorre em março, suspenso diante do cenário pandêmico.
Diagnóstico precoce
De acordo com a ginecologista Cleusa Cascaes Dias, as chances de cura são muito altas quando o câncer de mama é diagnosticado precocemente. Esse é um dos motivos do rastreamento de rotina ser tão importante.
“O fato de nascer mulher já nos coloca em risco para desenvolver este câncer, mesmo sem história familiar ou outros fatores de risco relacionados. Isto significa que todas as mulheres devem fazer o rastreamento de rotina e nos casos em que há ocorrência familiar, com várias gerações acometidas tanto pelo câncer de mama como pelo de ovário, está indicada a pesquisa para detecção de mutação gênica”, comentou Cleusa.
Entre os principais fatores de risco, Cleusa cita: idade maior do que 50 anos; casos de câncer na família; ocorrência da primeira menstruação antes dos 12 anos; ocorrência da menopausa após os 55 anos; nunca ter engravidado ou ter engravidado somente após os 30 anos; não ter amamentado; ter hábito de vida sedentária; consumo excessivo de álcool; obesidade; mamas densas e uso de terapia de reposição hormonal por mais de cinco anos.
“No entanto, o fato de apresentar um ou mais fatores de risco não significa necessariamente que a mulher terá câncer de mama. Por outro lado, a doença não deve ser negligenciada, porque também pode ocorrer em mulheres sem fatores de risco”, alerta a especialista.
Além disso, a ginecologista aborda a agressividade da doença em mulheres mais jovem. Segundo ela, isso se dá, pois muitas vezes o câncer já está em estágios mais avançados por ocasião do diagnóstico, implicando em menor resposta ao tratamento.
“As mulheres jovens diagnosticadas com a doença têm maior probabilidade de serem portadoras de uma mutação gênica, denominada BRCA1 ou BRCA2. É importante ressaltar que as mulheres jovens que apresentam fatores de risco associado a doença devem fazer um acompanhamento regular com o mastologista”, finalizou Cleusa.