A intimidade dos bastidores do futebol e os porões da política, sempre andaram de mãos dadas. As atitudes corruptas e desonestas que provem do futebol encontram com naturalidade guarida nos porões da política, e o exemplo é encarado com naturalidade, como se fosse algo inevitável na vida cotidiana. Subornar jogadores e árbitros já foi sinônimo de inteligência e esperteza dos dirigentes.
Uma proposta irrecusável de transferência de um jogador, dias antes de uma partida decisiva contra um adversário poderoso, mostra que o poder financeiro através de negociatas impõe sua vontade. E por analogia os poderosos da política usam isso a seu favor.
A eficiência política da direita no Brasil é secular, sabem atuar com eficiência nos porões do poder para manter os privilégios, que não conquistaram, mas são deles por direito e herança, e para mantê-los e amplia-los – vale-tudo. A cada eleição modificam as estratégias de acordo com pesquisas e estudos minuciosos, que mostram aquilo que os eleitores estão pensando naquele momento, e sempre aparecem novidades no modus operandi, tudo dentro de um esquema maior de manutenção do poder.
Grandes ditadores na história mundial chegaram ao poder através de eleições livres. A naturalização dos retrocessos que estamos vivendo atualmente no Brasil, está abrindo o caminho para e aumentando significamente da desigualdade e a segregação social. As eleições no Brasiltinha num passado recente, um ar de festa democrática, apesar dos resultados na maioria das vezes serem contra a população.
O argumento da equidade entre os candidatos jogou uma pá de cal na festa democrática. Os comícios e showmícios do passado foram substituídos pelos debates televisivos, que muitas vezes decidiram eleições – agora não há debates – temos que acreditar no discurso solitário do candidato.
Mas nada é por acaso, essa construção de um novo modelo, que não tem nada de novo foi concatenado há muito tempo. As eleições municipais deste ano trouxeram com ênfase a velha máxima do futebol, mostrando que as decisões importantes para a manutenção do status quo são tomadas pelo poder central, que trabalha nos bastidores preparando a nova política vertical que precede ao totalitarismo.
Essa construção antidemocrática, que vem de cima para baixo escolheu Ribeirão Preto para ser uma das cidades receptora desta política concentradora. A reeleição do atual prefeito é parte deste acordo. Os fatos policiais ocorridos em 2016, de alguma maneira contribuíram para a eleição do atual prefeito. Desta vez houve um acordo que fechou as portas para possíveis concorrentes.
O poder dos porões da política brasileira é ilimitado, e o momento é favorável. Cada oponente com potencial para ganhar a eleição foi abandonando o barco, cada um com seu argumento, sempre em defesa do povo. Mas para garantir a reeleição do atual prefeito, o segundo colocado na primeira pesquisa já teve o pedido de impugnação proposto pelo Ministério Público Eleitoral.
A minha maior indignação é ver gente que se diz esclarecida dizendo que o atual prefeito já ganhou porque não tem adversário – ledo engano. Não vamos perder por W.O., e nem entregar o jogo no primeiro tempo. São poucas a opções, mas temos. Não votar no atual prefeito, e em candidatos reacionários, ou em gente que nunca fez nada pela população já é uma vitória.