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Objeto do conhecimento

Os antigos documentos demonstram que as pessoas cultas, naqueles velhos tempos, exerciam várias atividades profissionais. A atividade, hoje qualificada como profissional, era múltipla.
Antes de o cristianismo descobrir a filosofia grega, é possível encontrar exemplos entre os muçulmanos e judeus que durante largo espaço da história, deram grande valor ao pensamento de Aristóteles.

No sul do que hoje é a Espanha, na Andaluzia, mais precisamen­te na cidade de Córdoba, nasceram dois gênios. Na época, os árabes eram senhores de quase toda a área hoje sob a soberania da Espanha e de Portugal.

O árabe conhecido como Averrois chamava-se Abu Alualide Ibne Maomé Ibne Ruxide, nasceu 1126. É considerado o mais relevante es­tudioso da obra de Aristóteles. Ainda assim, entre outras atividades, exerceu a medicina, estudou a jurisprudência e a astronomia.

O judeu, conhecido como Maimônides chamava-se Moxé Filho de Maimon Filho de Ovayd, ou Rabam, nasceu também em Córdo­ba em 1138. Foi rabino, médico e filósofo. Exerceu não somente a religião judaica, mas também a medicina na corte governamental do Egito. Era também aristotélico.

O terceiro foi o muçulmano Avicena, nome latinizado de Abu Ali Hucaine Ibne Abdala Ibne Sina, nascido no Irã em 1037. São conhecidos como de sua autoria 240 tratados, mais 40 obras sobre medicina e mais 150 sobre filosofia. Criou a primeira escola de medi­cina. Como era conhecido como Ibnsina, emprestou seu nome para a “medicina”. Notabilizou-se pelos seus estudos sobre Aristóteles.

É possível registrar a vastidão da amplitude do conhecimento desses homens para compreender a polimatia de suas atividades, retratando um trabalho muito diverso daquele que hoje conhecemos ao examinar seus sucessores. Os profissionais de hoje são identifica­dos pela especialização.

O objeto do conhecimento médico é curar. Do enfermeiro é cuidar. Do engenheiro é administrar a concreção. Do arquiteto é desenvolver a abstração. Os envolvidos com a ciência jurídica devo­tam-se a resolver conflitos individuais e sociais.

Há uma atividade, no entanto, tão ampla que o seu objeto torna­-se, poliédrico. Refiro-me à arquitetura. Clássico é o exemplo dei­xado por Gaudi em Barcelona. Três obras mais conhecidas tendem a demonstrar: a Catedral denominada Templo Expiatória da Sagrada Família, Casa Batlô e La Pedrera.

A Catedral, vista de fora, parece obra de um escultor que manualmente tirou do “barro” o edifício. O interior do Templo, ao contrário, tem a face da precisão.

A Casa Batlô é inspirada na arquitetura arábica, tendo em conta seus arabescos e coloridos, subvertendo o alinhamento linear dos edifícios ocidentais.

Um pouco acima do Paseo de Gracie está o edifício denominado La Pedrera. Para o observador distraído, La Pedrera é um edifício igual a inúmeros outros espalhados pelo mundo. Mas não é. Ali está a lição de Gaudi para nossas cidades. Olhando mais demoradamente para o prédio, o observador perceberá que cada apartamento ou escritório tem uma face exterior própria. Gaudi autoriza crer, que construiu um prédio colocando com as mãos, um conjunto sobre o outro, cada um com seu próprio rosto.

Em quase toda parte, percebemos nossos templos, casas e edifícios quase sempre com a mesma face. O contrário é o que se percebe em Barcelona, espacialmente nas obras identificadas como da autoria de Gaudi. O objeto do conhecimento da sua arquitetura tende à universalidade, tantos que são os seus objetos e seu ilimitado conhecimento.

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