A Segunda Guerra Mundial marcou o mundo pelas milhões de vidas perdidas durante os seis anos de conflito e pelas consequências sociais e econômicas que devastaram muitos países. O ódio semeado pela Alemanha nazista, por meio da imposição da suposta superioridade da raça ariana, perpetrou o caos e se espalhou pela Europa em pouco tempo. Tal cenário foi criado por seres humanos como quaisquer outros com nome, rosto e família. “Os Filhos de Hitler”, lançamento da editora Cultrix (selo do Grupo Editorial Pensamento), conta a trajetória desses algozes pelo olhar de quem convivia intimamente com eles: seus próprios filhos.
A obra, escrita pelo jornalista investigativo Gerald Posner, reúne entrevistas de herdeiros como Rolf Mengele, que conta como descobriu o pai, Josef Mengele, vivo no Brasil e como viajou às escondidas até aqui para confrontar o “Anjo da Morte”. Posner revela também a história da filha única do grande almirante Karl Dönitz; as lembranças do filho mais novo do coronel Claus von Stauffenberg, o jovem oficial que tentou assassinar Hitler; da filha única de Hermann Göring, Edda, entre outros relatos chocantes dessas testemunhas, até então silenciosas e esquecidas pela história.
São depoimentos que proporcionam uma visão da vida privada e das ações públicas daqueles que trabalharam próximos à Adolf Hitler e foram testemunhas do regime político mais perverso de todos os tempos.
“Em ‘Os Filhos de Hitler’ preferi incluir filhos que não apenas deploraram a atuação de seus pais no Terceiro Reich, mas também os defenderam. Em um caso – o de dois irmãos que cresceram com seu pai criminoso de guerra quando este era o governador-geral nazista da Polônia ocupada –, as opiniões se dividiram. Um deles fez o que pôde para proteger a reputação do pai, enquanto o outro não hesitou em denunciá-lo. Raciocinei assim: apenas uma investigação da ampla diversidade de opiniões, na segunda geração dos criminosos, poderá haver uma ideia clara dos motivos que levaram homens comuns a perpetrarem tamanhas atrocidades”, diz o autor.
Segundo ele, imaginar os nazistas como dementes e psicopatas sempre foi mais fácil e simples, e neste livro ele procura, justamente, entender o que faz de uma pessoa, capaz de ser um pai carinhoso, praticar atos tão repugnantes como roubo, tortura e assassinatos. “Quando iniciei a obra, me perguntava, por exemplo: O que permitiu a Hans Frank supervisionar, de dia, a burocracia da matança incessante na Polônia e, à noite, assumir o papel de pai afetuoso, que ficava horas e horas tirando acordes com o filho mais velho no piano da família?”, completa Posner, que também é o biógrafo de Josef Mengele.
O livro explica ainda, de certa forma, o ressurgimento da extrema direita, do racismo e da intolerância pelo mundo, mostrando que as novas gerações parecem ter esquecido os horrores provocados pelo do Holocausto e pelo regime nazista. As histórias contidas em “Os Filhos de Hitler” são uma tentativa de mostrar as tristes consequências de se permitir que o antissemitismo e o fascismo (re) floresçam impunemente.
Autor
Gerald Posner foi um dos mais jovens advogados contratados pelo escritório de advocacia Cravath, Swaine & Moore, de Wall Street e o célebre autor de vários livros, entre eles, três best-sellers do New York Times e um finalista do Prêmio Pulitzer de História. Posner escreveu dezenas de artigos para revistas e jornais nos Estados Unidos, e tem sido colaborador regular da NBC, do History Channel, da CNN, Fox News, CBS e MSNBC. Mora em Miami (EUA) com a esposa, a escritora Patricia Posner. É autor da biografia “Mengele: A História Completa do Anjo da Morte de Auschwitz”, obra clássica e best-seller internacional publicado no Brasil pela Editora Cultrix.