“Quero falar uma coisa / Advinha onde ela anda / Deve estar dentro do peito / Ou caminha pelo ar…“(Milton do Nascimento / Wagner Tiso Veiga)
A inspirada canção “Coração de Estudante” cantou alto em nossa mente neste final de semana. Preciso confessar, aqui, que fui testemunha viva de tudo o que o nosso estimado Professor Emérito Augusto Cezar Montelli relatou em memorável entrevista concedida aos ouvintes da Rádio Municipalista de Botucatu.
As palavras do professor caminharam pelo ar, como diz a canção, e vieram bater aqui no peito, fazendo vibrar emoções vividas por todos nós, estudantes da então Faculdade de Ciências Médica e Biológicas, hoje Faculdade de Medicina – Unesp. Recordações especialmente significativas aos alunos da primeira turma de médicos, como eu, e sentidas – tenho certeza – também pelos contemporâneos da segunda e terceira turmas.
Testemunha das lutas iniciais e contínuas – até o presente – desta instituição, hoje gigante e tão prestigiada, senti na entrevista citada o quanto foi importante ações pioneiras como a da equipe que iniciou o Curso de Aplicação em Medicina, em 1965, portanto, há 55 anos. Mais que isso, pude recordar o nosso reconhecimento pela competência daquela equipe de professores que nos iniciou na arte médica, dando-nos oportunidade do aprendizado semiológico e fisiopatológico das mazelas humanas. A chegada a Botucatu desta equipe devolveu aos alunos pioneiros a esperança do prosseguimento do curso iniciado em 1963.
A complexa tarefa exigiu planejamento e direção competente do seu idealizador e coordenador, professor José Eduardo Dutra de Oliveira. A implantação do Curso só foi possível com a acolhida memorável dos médicos locais, da direção clínica e administrativa da Misericórdia Botucatuense e das dedicadas Irmãs de Caridade, junto com toda a comunidade desta cidade e região. Foi um trabalho conjunto, onde os diferentes profissionais, funcionários, alunos e colaboradores também participaram na construção de um futuro que hoje agradecemos.
Especial emoção senti quando Prof. Montelli citou, na referida entrevista,os nomes dos ilustres médicos botucatuenses, atuantes na época. Eles receberam a todos com muito carinho, disponibilizando as enfermarias, laboratórios, ambulatórios e unidades de saúde para o aprendizado dos alunos. Compartilharam também no ensino médico de todos nós. Todos foram decisivos na evolução histórica desta Faculdade que é hoje um esteio de segurança médica para toda a população, especialmente agora nesta delicada situação pandêmica mundial.
Senti tudo isso com o coração de estudante da vida – que somos todos – agradecido e exultante com o exemplo de meus ( nossos ) queridos e dedicados mestres que cuidaram e cuidam do próximo continuamente, como canta o cancioneiro Milton do Nascimento:
“Coração de estudante / Há que se cuidar da vida / Há que se cuidar do mundo…”
Parabéns, mestres pioneiros, pelos 55 anos de história médica em Botucatu!