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Os desafios de estudar o Amor (8): O Amor Romântico é Universal?

Para estudiosos das teorias culturais do Amor três questões se sobressaem: 1ª) Qual é o papel da cultura no Amor?, 2ª) O Amor é universal?, e 3ª) O Amor manifesta-se de diferentes formas em diferentes culturas?. Embora o Amor Romântico possa parecer algo muito natural para todos nós, muitos estudiosos têm constatado que o mesmo parece uma invenção ocidental, não encontrada em outras culturas. Compartilham desta posição não só os psicólogos, estudiosos do comportamento que são, mas, também, antropólogos, sociólogos e historiadores que endossam a mesma concepção. Há estudos que sugerem que o Amor Romântico não existe em países não ocidentais, exceto, possivelmen­te, para a elite daquelas nações que tem tempo para cultivá-lo. Em posição contrária, os psicólogos evolutivos argumentam que o Amor Compassivo é inato na natureza humana, sendo baseado em processos biológicos universais, aplicando-se às pessoas e a todas as coisas.

De acordo com os relatos de Karin Sternberg, em Psychology of Love (2014), um estudo precioso na área fez uso de amostras intercul­turais visando investigar se é, de fato, verdadeiro, que muitas pessoas, em vários países do mundo, experimentam o Amor Romântico.
Primeiramente, os estudiosos examinaram os dados das amostras interculturais e também analisaram informações disponíveis sobre o folclore e outras etnografias particulares de cada cultura. O que encontraram? Uma quantidade suficiente de informação útil para 166 sociedades. Para cada uma destas, em particular, a informação foi filtrada para sinais de que o Amor existe naquela nação, com os pesquisadores distinguindo Amor de Luxúria, o que não é rotineiro em estudos do tipo. O que buscavam? Sinais que pudessem servir como indicadores de que o Amor estivesse presente durante os dois primeiros anos de um envolvimento pessoal de um casal. Os indi­cadores usados foram: a) se as pessoas descreviam sofrimento e um desejo para seu amado quando este não estava presente; b) a presença de antigas de amor tradicionais que enfatizavam a motivação subjacente das relações amorosas íntimas; c) registros de Amor Compassivo numa dada cultura; d) as razões pelas quais as pessoas deixam suas casas devido ao seu Amor por alguma pessoa; e d) registros etnográficos sobre Amor Romântico numa dada cultura.

Tomados em conjunto, esses indicadores mostraram aos pesquisadores que o Amor Romântico estava presente em 147 (88.5%) das 166 culturas estudadas. Para as 19 culturas restantes, os estudiosos não foram hábeis em encontrar sinais indicando que as pessoas experenciavam Amor Românti­co. Esses dados, todavia, não significam que o Amor Romântico não exista em tais culturas, mas, sim, que este tipo de Amor não foi mencionado como tal nas informações disponíveis. Ainda que os resultados mostrem que o Amor Romântico seja quase universal no mundo, nós não podemos categoricamente concluir que cada pessoa irá se apaixonar alguma vez na vida. Karin Sternberg também nos relata que, embora o Amor Român­tico possa ser controlado por algumas variáveis culturais, ele nunca será inteiramente suprimido. Não é muito claro que as pessoas se apaixonam mais frequentemente quando sua sociedade desaprova o Amor Romântico, mas é plenamente possível que as pessoas apaixonem-se mais ou menos frequentemente dependendo da organização social de sua cultura e ideologia.

Apaixonar-se pode rápido ou lento, intenso ou sutil, e disparado por inúmeros fatores. Karin Sternberg enumera que alguns dos antecedentes do apaixonar-se são: gostar recíproco (O quanto duas pessoas se gostam?); aparência (O quanto alguém é atraído pelos atributos corporais de outra pessoa?); traços de personalidade (O quanto alguém é atraído pelos traços de outrem, como, por exemplo, pela inteligência, atenção, generosidade, humor, etc, de outra?); similaridade (O quanto duas pessoas tem em comum, como, por exemplo, meio sócio-cultural, experiências, interesses e atitudes?), familiaridade (Quanto tempo duas pessoas ficam juntas?); influência social (Famílias de amigos, outras pessoas e redes sociais que aprovam/desaprovam um dado parceiro); preenchendo necessidade (Uma pessoa preenche as necessidades de outro e mostra carinhos e respeito por este? O parceiro faz a pessoa feliz? Acaba com o sentimento de solidão da outra pessoa? Manifesta alguma forma de apreciação do outro?); excitação( A pessoa experiencia fortes reações fisiológicas quando ela encontra um parceiro em potencial? Experiencia batimentos cardíacos acelerados ou respiração ofegante?); prontidão (O indivíduo está pronto para um novo relacionamento ou continua sofrendo com a perda de um relacionamento anterior?); isolamento (Duas pessoas sentem-se sozinhas quando juntas?); outros indícios (Há algo em uma pessoa que atraia outra em particular?).

Assim, como é possível observar, diferentes variáveis podem influenciar se duas pessoas irão se apaixonar ou não. Certamente, a ênfase cultural dada a cada uma dessas variáveis pode fazer a diferença.

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