A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos lançou virtualmente, na quinta-feira, 24 de setembro, selo em homenagem ao centenário da escritora Clarice Lispector (1920- 1977), nos canais oficiais da ECT nas redes sociais. O selo também será lançado em Recife (PE), até o fim do mês, em parceria com a Fundação Joaquim Nabuco.
Também em comemoração à data, será lançado o livro “Todas as cartas”, pela editora Rocco, com textos inéditos de Clarice Lispector, resultado de uma longa pesquisa da jornalista Larissa Vaz, sob orientação de biógrafos e da família, com notas de Teresa Montero, biógrafa especialista na escritora.
“Particularmente para minha mãe, Clarice Lispector, que morou quase 20 anos no exterior, a correspondência com amigos, família e editores foi fundamental na sua formação profissional e sua afetividade. Assim, a criação de um selo no ano do seu centenário é uma homenagem justa e muito representativa”, afirma Paulo Valente, filho da escritora.
A arte do selo é da neta de Lispector, Mariana Valente, que construiu toda a ilustração com retalhos de cartas, páginas de livro antigos e envelopes que encontrou da própria Clarice Lispector como forma de homenageá-la e também sua paixão por correspondências.
“Somos de diferentes épocas, mas compartilhamos desse íntimo prazer pelo analógico. Eu coleciono selos, postais e cartas antigas, que utilizo em minhas colagens há muitos anos, e ter tido a oportunidade de desenvolver algo que gosto tanto com total liberdade foi maravilhoso”, explica a artista.
A emissão tem tiragem de 900 mil selos, com valor de R$ 2,05 a unidade, e estará disponível nas principais agências de todo o país e também na loja virtual dos Correios. Nascida na Ucrânia, Clarisse Lispector veio com a família – pai, mãe e duas irmãs – para o Brasil com pouco mais de um ano de idade.
Viveu em Pernambuco até os 14, quando foi para o Rio de Janeiro, onde anos mais tarde se formou em Direito, pela Universidade do Brasil, e conheceu o diplomata Maury Gurgel Valente, com quem se casou. Sua estreia como escritora foi com “Perto do coração selvagem” (1943), porta de entrada o mundo da literatura.
Segundo a biógrafa Teresa Montero, Clarice escreveu dezessete livros entre romances, contos, crônicas e histórias infantis que já alcançaram cerca de quarenta países e lhe alçaram ao patamar de uma das maiores escritoras do século XX. A escritora assinou textos em veículos de imprensa como Agência Nacional, jornal A Noite, Jornal do Brasil, Última Hora e Correio do Povo.
Também escreveu em páginas femininas sob pseudônimo em Comício, Correio da Manhã e Diário da Noite. Alcançou, ainda, grande popularidade como entrevistadora na Manchete e Fatos & Fotos. Acompanhando o marido, Clarisse esteve na Itália, Suíça, Inglaterra e Estados Unidos, sempre se correspondendo com entes queridos.
Finalmente, em julho de 1959, aos 39 anos de idade, ela se fixou no Leme – até seu falecimento em 9 de dezembro de 1977. Seu estilo inconfundível produziu obras que se tornaram clássicos como “A maçã no escuro”, “Laços de família”, “A paixão segundo G.H”, “Água viva” e “A hora da estrela”.