O juiz Heber Mendes Batista, da 4ª Vara Cível de Ribeirão Preto, determinou nesta segunda-feira, 21 de setembro, o imediato pagamento da terceira lista de credores trabalhistas já consolidados da Indústria de Alimentos Nilza S/A, atendendo a requerimento de instauração de incidente processual da BL Adm Judicial, administradora da massa falida, que apresentou nova relação de credores trabalhistas aptos a participar do rateio inicial de 50% do valor de seus créditos e que já indicaram dados bancários.
Essa nova relação, composta por 189 credores trabalhistas que, juntos, receberão R$ 1.875.108,35, pode ser acessada em https://bit.ly/31MliqU. Nesta relação já constam os valores retidos dos credores das listas anteriores, de setembro do ano passado e fevereiro, referente aos honorários contratuais do Sindicato de Arcos (MG). Até o momento participaram dos rateios 604 credores trabalhistas.
Ao todo, eles receberam mais de R$ 6,7 milhões, pagamento referente a 50% do crédito regularmente habilitado nos autos. Ainda existem 114 credores aptos a participar do primeiro rateio de valores, mas que ainda não indicaram seus respectivos dados bancários para a administradora judicial, o que deve ser feito através do e-mail falencianilza@bladmjudicial.com.br. A relação desses credores está disponível em https://bit.ly/2DFbVBo.
A fábrica da Indústria de Alimentos Nilza S/A, em Ribeirão Preto, foi vendida em 16 de março deste ano. A JV Naves Administração e Participação Societária Ltda. comprou a unidade de 250 mil metros quadrados – inclui dois imóveis – instalada no quilômetro 312 da Rodovia Anhanguera (SP-330).
A JV Naves pagou R$ 23,5 milhões pela planta em Ribeirão Preto. A venda foi homologada pelo juiz Héber Mendes Batista, da 4ª Vara Cível. A Nilza ainda tem uma unidade industrial em Itamonte, Minas Gerais, onde estão os equipamentos. O imóvel foi a leilão várias vezes, mas os valores ofertados eram bem inferiores ao da avaliação. No final do ano passado, chegaram a oferecer R$ 16 milhões
O administrador oficial da massa falida, o advogado Alexandre Borges Leite, entrou com um recurso na 4ª Vara Cível após receber a oferta de R$ 23,5 milhões. Em dezembro, o juiz abriu novamente o prazo de 30 dias para qualquer interessado que tivesse apresentado algum valor em leilão pudesse cobrir a proposta, o que não ocorreu e a transação foi homologada.
O dinheiro está sendo usado para pagar as dívidas trabalhistas. O montante arrecadado representa 42,7% da avaliação total dos imóveis com os equipamentos, mas a Justiça de Ribeirão Preto autorizou a venda mesmo não sendo alcançado o valor de 50% previsto em lei nesses casos.
O imóvel tinha um custo mensal de R$ 45 mil para manutenção e segurança. Segundo o administrador da massa falida, 50% dos credores trabalhistas já foram pagos e os outros 300 estão na lista e receberão 50%. A Nilza ainda vai ficar devendo a cerca de 150 credores trabalhistas. A dívida está em R$ 700 milhões, e a previsão com todas as vendas é arrecadar R$ 70 milhões.
Com a organização de sete cooperativas, a Indústria de Alimentos Nilza foi criada em 2004. Em 2006, foi comprada por Adhemar de Barros Neto, que planejou um plano de expansão, com a compra, em 2008, de unidades de Itamonte e Campo Belo, passando a processar 1,5 milhão de litros de leite por dia em suas três unidades – chegou a ser a maior fabricante de lei longa-vida do país.
A empresa chegou a ter mil profissionais. A empresa entrou com pedido de recuperação judicial e, em janeiro de 2011, a 4ª Vara Cível de Ribeirão decretou a falência da Nilza após constatar fraudes no processo e na negociação de venda da companhia.
Cinco meses depois, a decisão de falência foi revogada e 40 funcionários foram recontratados. Foram feitos testes no laticínio, mas a produção comercial não chegou a acontecer. No mês de outubro de 2012, a segunda – e definitiva – falência, foi decretada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP).