O Bosque e Zoológico Municipal Doutor Fábio de Sá Barreto resgatou animais vítimas dos incêndios que destruíram mais de dez hectares de vegetação – entre área de mata, canaviais e bambuzais, o equivalente a dez campos de futebol – na última sexta-feira, 18 de setembro, na Vila do Golfe e na região de Alphaville, na Zona Sul de Ribeirão Preto.
Chegaram ao hospital do zoológico espécies como ouriço-cacheiro, jiboia-do-cerrado, tucano-toco, choca-barrada e periquito-rei. Os bichos estão sendo cuidados por uma equipe especializada em resgatar animais feridos e que passou a atender em sistema de plantão, pelo celular (16) 99969-2728, devido ao aumento dos focos de incêndio em vegetações da região.
As espécies resgatadas são comuns em áreas de cerrado e costumam viver próximas a centros urbanos. Desde sexta-feira (18), ao menos 60 foram levados por moradores e agentes públicos para o zoológico, entre exemplares diretamente atingidos pelas chamas e filhotes que caíram dos ninhos das árvores queimadas.
Nos últimos dois meses, os mais críticos da estiagem, a média de animais feridos que chegam ao zoológico subiu de três para nove, alta de 200%. Pelo menos dois dos animais resgatados no final de semana, além das queimaduras, tiveram danos mais sérios no sistema respiratório, segundo o médico veterinário do Bosque Fábio Barreto, César Branco.
De acordo com ele, o que mais mata os animais não é a queimadura direta, mas a inalação de fumaça ou de temperatura muito alta, pois gera queimadura na traqueia e no pulmão. O quadro mais preocupante é o de um ouriço-cacheiro que chegou domingo (20).
Além das queimaduras em 100% dos pelos e espinhos, e lesões nos pés, o animal apresenta problemas respiratórios associados à inalação de fumaça. O outro ouriço teve queimaduras na nuca. Uma jiboia-do-cerrado teve queimaduras em 90% do corpo e também merece atenção quanto aos danos respiratórios.
Um tucano-toco teve lesões nas asas e deve passar por acompanhamento nos próximos dias. O zoo ainda cuida de filhotes de aves das espécies carcará, periquito-de-encontro e choca-barrada que caíram com os ninhos das árvores queimadas na semana semana passada.
Os animais devem permanecer no bosque até que se reabilitem por completo e poderão voltar à natureza se sobreviverem. Desde o início do ano, o bosque já atendeu em torno de 700 animais feridos fora de seu habitat. Essa é a média anual, dentro do projeto “Uma nova chance”.
A maioria deles é vítima da própria ação humana, como as queimadas. Informações sobre bichos silvestres feridos ou perdidos podem ser passadas para o Corpo de Bombeiros (telefone 193), Polícia Ambiental (3996-0450) e do Bosque Fábio Barreto (99969-2728).