Urubu quando está azarado o de baixo suja o de cima
Havia um comerciante das arábias que chegou ao Brasil por está fugindo das guerras e da situação critica em que se encontrava seu país. Com toda a dificuldade que os que saiam de suas cidades para “fazer a América” como se dizia iniciou um comercinho pequeno de secos e molhados. Entregando sacos de arroz, feijão, alho, cebola e outros produtos nas colônias das fazendas onde havia dificuldade de locomoção para que se comprasse referidos produtos nas cidades grandes. A tal ponto o comércio se interessava na venda para os colonos que ao invés de as lojas e armazéns fecharem suas portas aos sábados e domingos eles atendiam aos moradores da zona rural. Todo início era difícil. O homem chegava à frente da família para preparar o terreno para sua esposa e filhos chegarem ao depois e aí os mais velhos também vinham de mudança para o novo país.
Sem nota
Para driblar a sanha arrecadatória dos governantes o velho novo habitante da região fazia suas entregas na madrugada, sem notas e sempre se arriscando. Muitas vezes era pego no auto de infração com pagamento de pesadas multas e respondendo a processos desgastantes. O comerciante tinha amigos que o auxiliavam na entrega emprestando caminhões, carros e caminhonetas. Certa feita tinham uma encomenda para entrega de uma encomenda em São Paulo, Capital, para onde se dirigiam pela primeira vez. Arrumaram a carga. Amarraram bem pois a estrada só era asfaltada de Campinas para frente e rumaram pela Anhanguera empoeirada. Fizeram a nota de venda com todo o cuidado para que apenas na primeira via ficasse o registro da venda. Abriram a lista telefônica e logo no começo da cidade visualizaram o bairro da Lapa, rua Clelia e lascaram este nome e um numero qualquer. E seja o que Deus quiser.
Logo na chegada
Eis uma blitz da Fiscalização Fazendaria. Os fiscais estavam atazanados e queriam ver tudo. Um deles pegou a nota da mercadoria e a analisou com atenção diferenciada. Olhava, reolhava e tomou uma decisão: “Vocês irão fazer esta entrega.” Os vendedores afirmaram que iriam e que o morador era um antigo cliente. E seguiram pela rua Clelia até ao número citado. O fiscal que estava com o carro oficial estacionou e solicitou para o velho árabe descer a mercadoria. O comerciante e seus dois ajudantes se entreolharam e começaram a descer os sacos de arros e feijão, sem entender o que o funcionário público estava querendo. Terminada a descarga o fiscal afirmou: “O senhor tem certeza de que o local da entrega é aqui mesmo”. Todos afirmaram, balançando a cabeça. Ele então disse: “Muito obrigado. Pode deixar a mercadoria que eu resido aqui. “Ato continuo chamou a esposa e vizinhos e mandou recolher tudo. Só disse muito obrigado e que havia conferido a carga. Estava de acordo com o “pedido”. Os moradores de uma vizinha cidade ficaram sem saber o que fazer. Sem passar recibo vieram embora, pois havia ficado mais caro o molho que o peixe. Realmente, por incrível coincidência, o fiscal, funcionário público da Receita Estadual, residia naquela rua e naquele número.