Tribuna Ribeirão
Economia

Taxa de juros – Copom interrompe sequência de cortes

Projeção de expansão da economia é de 2,15% este ano, diz BC (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Após uma longa trajetória de redução, com nove cortes consecutivos, o Banco Central (BC) decidiu manter a taxa básica de juros da economia no atual patamar de 2% ao ano. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) foi unânime, em reunião en­cerrada nesta quarta-feira, 16 de setembro. A manutenção do índice era esperada pe­los analistas financeiros, que apostam na Selic neste pata­mar até o final do ano.

O Copom voltou a se reunir em meio à alta no preço dos ali­mentos, de 8,83% em doze me­ses até agosto. Esse reajuste não tem apenas um alimento como responsável – a maioria está com preços recordes no cam­po. Porém, dois chamaram a atenção nos últimos dias: o ar­roz, com valorização de 19,2% no ano, e o óleo de soja, que subiu 18,6% no período.

O próprio BC, porém, já vinha indicando que a taxa Se­lic deveria ser mantida estável nesta quarta-feira antes mesmo da recente disparada dos pre­ços dos alimentos. “O Comitê entende que essa decisão [ma­nutenção da taxa Selic] reflete seu cenário básico e um balan­ço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva”, diz trecho do co­municado oficial.

“É compatível com a con­vergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2021 e, em grau menor, o de 2022”, prossegue. Sobre futu­ros ajustes nos juros básicos, o comitê ressalta que novas mu­danças, caso ocorram, serão graduais e dependerão da situ­ação das contas públicas. A Se­lic se mantém no menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1996.

De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outu­bro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa che­gasse a 6,5% ao ano em março de 2018, só voltando a ser re­duzida em julho de 2019.

Inflação
A Selic é o principal instru­mento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Con­sumidor Amplo (IPCA). Nos doze meses terminados em agosto, o indicador fechou em 2,44%. O índice vem sofrendo uma aceleração desde julho, mas ainda continua abaixo do nível mínimo da meta estabe­lecida pelo Conselho Monetá­rio Nacional (CMN).

Para 2020, o CMN fixou meta de inflação de 4%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não poderá superar 5,5% neste ano nem ficar abai­xo de 2,5%. A meta para 2021 foi fixada em 3,75%, também com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para bai­xo ou para cima.

No Relatório de Inflação, divulgado no fim de junho pelo Banco Central, a autoridade mo­netária estimava que o IPCA fe­charia o ano em 2,4% no cenário base. Esse cenário considera as estimativas de mercado. A pro­jeção, no entanto, ficou defasada diante da pandemia de covid-19. De acordo com o Boletim Fo­cus, pesquisa semanal com ins­tituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 1,94%.

Crédito mais barato
A taxa Selic estimula a economia porque juros me­nores barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômi­ca. No último Relatório de Inflação, o Banco Central projetava encolhimento de 6,4% para a economia neste ano. Essa foi a primeira pro­jeção oficial do BC, revisada após o agravamento da crise provocada pelo novo coro­navírus. O mercado projeta contração um pouco menor. Segundo a última edição do Boletim Focus os analistas econômicos preveem con­tração de 5,66% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzi­dos pelo país) em 2020.

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