Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão, o ditado popular retrata bem a situação atual do Brasil. Os países que conseguiram lidar melhor com a pandemia tiveram governos centrais que não menosprezaram o vírus, e se preocuparam com o bem estar da sua população. Coisa que não aconteceu no Brasil, por aqui o menosprezo pela vida foi o caro chefe de um presidente reacionário, com envolvimentos escusos com as milícias cariocas.
O desprezo pela vida do outro, principalmente com os pobres é explicito nas atitudes do governo. Dizer que a economia não podia parar, e que as mortes causadas pela covid-19 seriam apenas um efeito colateral, “afinal todos vão morrer um dia”. E com esse descalabro proporcionado por esta figura abjeta, o enredo ressuscitado foi Torre de Babel, e o Samba enredo escolhido foi o Samba Criolo Doido, com cada estado tratando a pandemia de forma distinta, e com alguns prefeitos se rebelando, querendo seguir a cartilha do Planalto.
Os planos de combate à pandemia priorizaram os fatores econômicos, deixando a ciência em segundo plano. O Plano São Paulo de retomada da economia colocou no mesmo protocolo sanitário as escolas e o comércio em geral, ignorando os estudos científicos, que mostram as especificidades e as complexidades de um ambiente escolar. No Brasil a cisão que há entre a educação escolar de ricos e pobres é histórica, mas o tempo todo a pílula da escola públicaé dourada, e a realidade é mascarada através de documentos oficiais, que alteram de forma criminosa essa realidade.
O retorno do ensino presencial na educação básica, só deveria ser pensado quando a pandemia estiver e na fase azul, que seria um normal controlado, com as medidas de distanciamento e higiene controladas. A iniciativa privada descobriu na educação básica, um filão de mercado com um potencial extraordinário de grandes lucros, haja vista o valor das mensalidades de algumas escolas chamadas de ponta, que chega a ser quatro ou cinco vezes o valor de muitas graduações.
O Brasil é o único país do mundo que tem três tipos de redes convivendo no mesmo espaço. As públicas, estaduais e municipais abarcam os pobres e excluídos. As redes privadas se dividem em escolas para as elites, e escolas para os pobres que se julgam classe média ascendente – e assim através da educação básica aprofundamos as desigualdades em um País que se diz democrático. Isso mostra que o Plano São Paulo, não é um plano para flexibilizar a volta pós-pandemia, e sim atender a demanda deste setor, que quer mostrar que a escola pública é inviável, e que sem lucro não se faz educação.
Do outro lado a situação das escolas básicas públicas está num patamar de “fartura” (falta tudo). A situação das escolas inseridas nas comunidades pobres não consegue fazer um trabalho pedagógico eficiente, pois não há uma comunhão entre a Secretaria de Educação e a Secretaria do Bem Estar Social, e com isso a escola passa a ser um local aonde muitos educandos só vão para poder se alimentar. Como podem encarar com naturalidade uma situação desta. É um crime lesa-pátria.
Com a politicanalha dando as cartas na classificação do Plano São Paulo, excluindo de vez a ciência – tudo ficou escancarado. E neste clima de insegurança a população resolveu decretar por conta própria o fim da pandemia. Nascer, viver e morrer é o destino da humanidade, embora cada um viva sua trajetória de maneira ímpar. O ser humano vive por seus sonhos e fantasias,mas a morte está sempre na espreita – faz parte do cotidiano. A população já vive um ódio perene, e a morte acaba sendo irrelevante – e os sonhos e as fantasias são sepultados juntos.