O preço do arroz deve cair no médio prazo em decorrência da busca pelo produto importado, afirmou nesta quinta-feira, 10 de setembro, o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Guilherme Bastos. “Historicamente, cotações seguem mais altas no segundo semestre por sazonalidade”, diz.
“Porém, como o preço interno já ultrapassa a paridade de importação dos principais mercados produtores, é provável que perca sustentação no médio prazo, pois já há intenso movimento das indústrias de beneficiamento na busca pelo produto no mercado internacional.”
A decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) de zerar a alíquota de importação de uma cota de 400 mil toneladas de arroz até o fim do ano contribui para a provável perda de sustentação dos preços, segundo Bastos. “Acreditamos que isenção será precificada pelo mercado no curto prazo, e cotações seguirão tendência de estabilidade com tendência de queda nas próximas semanas.”
Além disso, ele acredita que haverá maior oferta do grão produzido no Brasil. “Mesmo com queda nas cotações, os preços ainda devem se manter remuneradores e trazer margem de lucratividade aos produtores de arroz. Com isso, expectativa é que se estimule aumento da área a ser colhida a partir do início de 2021, invertendo a tendência de queda nos últimos anos.”
A Conab estima que a colheita do próximo ano fique no patamar das doze milhões de toneladas, um aumento anual de 7,2%. No mês que vem, a instabilidade dos preços de alimentos da cesta básica deve estar menor, projetou o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento.
“A Conab acompanha com muito empenho a evolução dos preços dos produtos da cesta básica e a evolução do índice de inflação dos produtos alimentícios”, disse ele. “Acreditamos que preços estão no ponto de máxima, e que no próximo levantamento, o cenário já apresente menor instabilidade dos preços.”
Segundo a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço do arroz subiu 3,08% em agosto e acumula alta de 19,25% no ano.
Segundo dados da Associação Paulista de Supermercados (Apas), o feijão e o arroz estão respectivamente com inflação acumulada em 23,1% e 21,1% em 2020. O arroz, feijão, leite e óleo de soja, por exemplo, estão com aumento acumulado médio em 18,85% no ano, número quase quatro vezes maior que o índice geral de preços dos alimentos (5%).
O presidente da Fundação Procon – de defesa dos direitos do consumidor – em São Paulo, Fernando Capez, afirmou que a instituição irá agir a partir da próxima semana a respeito do aumento súbito e expressivo no preço de itens da alimentação básica.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), o preço do arroz variou mais de 107% nos últimos doze meses, com o valor da saca de 50 quilos próximo de R$ 100.
Os motivos para a alta são uma combinação da valorização do dólar frente ao real, o aumento da exportação e a queda na safra. Em alguns supermercados, o produto, que custava cerca de R$ 15, no pacote de cinco quilos, está sendo vendido por até R$ 40.