Tribuna Ribeirão
Saúde

País mantém acordo com a AstraZeneca

© Reuters/Athit Perawongmetha/Direitos Reservados

O contrato do governo federal de aquisição da vaci­na firmado com a farmacêu­tica AstraZeneca não sofre­rá alteração, diz o secretário executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco Filho. Ele afirma ainda que o acor­do de encomenda tecnológi­ca já foi assinado. A notícia da suspensão dos testes, po­rém, foi recebida no Palácio do Planalto como “um balde de água fria”, nas palavras de um auxiliar do presiden­te Jair Bolsonaro.

O Brasil tem acordo com a farmacêutica que garante acesso a 100 milhões de doses – 30 milhões seriam entre­gues entre dezembro e janei­ro e 70 milhões, ao longo dos dois primeiros trimestres de 2021. “O contrato da Fiocruz e AstraZeneca não sofrerá qualquer alteração. Além do memorando de entendimen­to, o acordo de encomenda tecnológica já foi assinado eletronicamente pela Astra­Zeneca e pelo Brasil, pela Fiocruz”, diz Franco.

O ministério disse que não sabe quanto o cronogra­ma para desenvolver a vaci­na será afetado e destacou ser natural a reação adversa reportada. O Brasil acom­panha o desenvolvimento de outras vacinas, via Institu­to Butantã (que participa dos testes da Coronavac, chinesa) e pelo Instituto de Tecnolo­gia do Paraná (que pretende fazer testes da vacina russa, Sputnik V).

O CEO da AstraZene­ca, Pascal Soriot, disse que a empresa poderia saber até o fim do ano se sua vacina experimental protegeria as pessoas da covid-19, desde que a retomada dos testes da farmacêutica britânica fos­se permitida. O participante dos testes clínicos da vacina que desenvolveu uma reação adversa grave é uma mulher que estava no grupo de vo­luntários que, de fato, rece­beu o imunizante em testes, e não o placebo.

O governo federal insti­tuiu um grupo de trabalho interministerial para coor­denar a aquisição e a distri­buição de vacinas “com qua­lidade, eficácia e segurança comprovadas” contra o novo coronavírus. Sob coordena­ção do Ministério da Saúde, o grupo deverá colaborar no planejamento da estratégia nacional de imunização vo­luntária contra a covid-19 e terá duração de até noventa dias, podendo ser prorrogado por igual período.

Atualmente, quatro estu­dos de vacinas contra o novo coronavírus estão sendo rea­lizados no Brasil. Em junho, a Anvisa autorizou o ensaio clínico da vacina desenvolvida pela empresa AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, do Reino Unido. No dia 3 de julho, o da vacina desenvolvida pela Sinovac Biotech, da Chi­na, em parceria com o Institu­to Butantan. Em 21 de julho, o das vacinas desenvolvidas pela BioNTech, da Alemanha, e Wyeth/Pfizer, dos Estados Unidos. E no mês passado, o da vacina da Jansen-Ci­lag, unidade farmacêutica da Johnson & Johnson.

Tuberculose
Alvo de estudos em outros países, a vacina contra o ba­cilo Calmette-Guérin (BCG), que protege contra tubercu­lose, vai começar a ser estu­dada no Brasil a partir do próximo mês como uma es­tratégia de proteção contra a covid-19. O imunizante é aplicado obrigatoriamente no país desde 1976 e pesquisas já apontaram que o número de mortes no Brasil poderia ter sido maior sem essa medida.

Assim como as pesquisas realizadas nos Estados Uni­dos, Austrália e Holanda , os testes serão feitos com profis­sionais que atuam na linha de frente no combate à doença. A proposta é avaliar os efeitos da vacina em dez mil voluntá­rios, dos quais três mil serão brasileiros. Os demais serão da Austrália, do Reino Unido, da Espanha e da Holanda.

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