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‘Las Meninas’

O quadro de Velasquez “Las Meninas”, curiosamente tem o seu nome assim conhecido e não como “Las Niñas”, como aparentemen­te deveria ser por ter sido pintado na Espanha.
Os conhecedores das pinturas clássicas registram que se trata da mais perfeita obra clássica, incluindo neste rol o francês Marcel Proust que, escrevendo sua obra prima, “A Palavra e as Coisas” com­pletou 1/3 dela para tratar do quadro de Velasquez.

Segundo a visão clássica, as obras mais notáveis são assim registradas e conhecidas: “Las Meninas”, “O Enterro do Conde de Orgaz”, de El Greco, “A Ronda Noturna” de Rembrandt, a “Academia de Atenas”, de Rafael, e, mais aplaudido de todos “A Mona Lisa”, de Leonardo da Vinci.

“Las Meninas” está no Museu do Prado, em Madrid; “O En­terro do Conde de Orgaz” está em Toledo; “A Ronda Noturna” no Rijksmuseum em Amsterdam; “Academia de Atenas” no Vaticano; “A Mona Lisa” no Louvre.

Em “Las Meninas” Velasquez pinta ele mesmo pintando um quadro que fica de costas para o apreciador. Ali defronte estão as meninas, o bobo da corte da Espanha, uma senhora, no fundo um homem saindo ou entrando na sala. Velasquez pintado olha para fora do quadro como se quisesse ver quem hoje está apreciandoo “Las Meninas”.

Assim vemos o quadro? Compreendemos a obra? Sempre pensa­mos que sim. Qual a razão da fama de um quadro dentro do qual há outro quadro que vemos apenas suas costas?

Na parede do fundo da sala do quadro está fixado outro quadro que não é quadro. É sim um espelho porque assim se percebe com a luz que expande. O espelho mostra o que Velasquez estaria olhando quando pintava. No espelho está a imagem do rei e da rainha da Espanha.

Muitas são as interpretações que se extrai das obras de arte. Qua­se sempre como resultado da formação cultural de quem as exami­na. Velasquez não poderia pintar um quadro no qual, em primeiro plano, não figuraria o rei e a rainha da Espanha? Claro que sim.

Então o que o levou a jogar a estampa do rei para o espelho quase imperceptível posto na parede do fundo da sala? Logo ele, Ve­lasquez, que era o pintor da corte espanhola! Talvez quisesse dizer: você quase sempre vê o que quase sempre não enxerga.

Com certeza para mostrar que numa obra de arte é possível mostrar que o seu objeto principal esteja tão oculto como o quadro pintado dentro do quadro que estando de costas para o público oculta o que não pode esconder. Ou seja, a realidade documentada pelo artista.

São muitos os mistérios que envolvem a vida. Precisamos ler o romance Dom Casmurro para concluir que Machado de Assis não conseguiu ou não quis revelar se Capitu traiu ou não traiu Bentinho com a malícia que aprendeu dele, segundo a visão de Jesus, nascido em Sirah, segundo a Bíblia, muitos anos antes da chegada ao mundo do Jesus nascido em Belém. Assim está registrado nas últimas linhas do extraordinário romance.

Os músicos documentam que a mais perfeita obra conhecida foi criada por Bach que a batizou com o nome de ”Paixão segundo São Mateus”. A mais perfeita obra musical é desconhecida.

No mundo da arte não existe campeonato esportivo ou opinati­vo. Mas em compensação encontra-se e tem de ser encontrado um campeonato amoroso, refletido no “Las Meninas”. As obras artísticas são antigas, mas não mortas porque falam para quem quiser ouvir.

A obra de arte é ponto de divergência dos apreciadores que olham para a roseira com a aptidão de optar cada um por uma das flores criadas não pelo pincel do artista, mas, sim, pela misteriosa mão da natureza.

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