Tribuna Ribeirão
Esportes

Afetados pela pandemia, atletas olímpicos se ‘refugiam’ fora do País para treinar

© REUTERS/Denis Balibouse/Direitos Reservados
Por Ricardo Magatti, especial para a AE

A eclosão da pandemia do coronavírus afetou diretamente a rotina de todos os atletas, incluindo os que se preparam para os Jogos Olímpicos de Tóquio, adiados para 2021. Com as competições paralisadas e os centros de treinamento fechados durante meses, os atletas tiveram que se reinventar e mudaram suas programações de atividades para que não ficassem tão prejudicados.

Os competidores de elite precisaram refazer agenda e alterar viagens diante das mudanças no calendário internacional. Vários treinaram em casa, com suporte de seus clubes e técnicos e usaram a criatividade para minimizar os problemas, adaptando as suas rotinas à quarentena.

Foi isso o que fizeram Hugo Calderano, que levou a mesa de sua modalidade esportiva, o tênis de mesa, para dentro de seu apartamento na pequena cidade alemã de Ochsenhausen, de cerca de 8 mil habitantes, e Nathalie Moellhausen, da esgrima. Ela, que foi campeã mundial no ano passado, em Budapeste, na Hungria, mora em Paris e treinou em sua residência antes de poder retomar as atividades presenciais. Darlan Romani, atual recordista sul-americano no arremesso de peso e candidato a um lugar no pódio nos Jogos de Tóquio chegou a montar uma academia na garagem de sua casa, em Bragança Paulista.

Os clubes e centros de treinamento estão sendo abertos aos poucos no País. No final de julho, na semana em que seriam realizados os Jogos de Tóquio, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) reabriu o Centro de Treinamento Time Brasil, no Parque Olímpico da Barra, no Rio, e iniciou a retomada gradual das atividades no local, seguindo protocolos de prevenção à covid-19.

O Centro Nacional de Desenvolvimento do Atletismo (CNDA), localizado em Bragança Paulista, também foi reaberto no início de agosto, após idas e vindas, e já recebendo atletas, mas persiste o temor com o recrudescimento dos casos de coronavírus na região. Na primeira semana após a reabertura, somente 28 pessoas puderam usar as instalações.

No entanto, como os números de casos de coronavírus e mortes pela doença ainda não atingiram uma queda considerável no País, a solução foi enviar atletas para fora. De olho na Olimpíada de Tóquio, o COB criou a Missão Europa, mandando 207 atletas de 15 diferentes modalidades para Portugal, com foco na preparação para o megaevento. O programa, que custará cerca de R$ 15 milhões aos cofres da entidade, teve início em julho e será estendido até dezembro.

Fizeram parte da primeira leva, em julho, as equipes de boxe, ginástica, judô, nado artístico e natação. Na Europa, os competidores têm mais segurança e tranquilidade para a preparação, visto que a situação epidemiológica lá está melhor e a doença já está controlada em boa parte dos países europeus. Antes de viajar, toda a delegação passa por exames de coronavírus. Após a chegada em solo lusitano, mais exames são feitos e todos permanecem isolados até a divulgação dos resultados e liberação para as atividades.

A seleção brasileira feminina de tênis de mesa também faz parte do Missão Europa e viajou na última sexta-feira para Portugal, onde estará reunida por mais de um mês. A grande preocupação da comissão técnica, neste primeiro momento, é evitar um desgaste excessivo, com atletas se lesionando após cinco meses de treinos improvisados.

“Veio numa hora muito importante, nenhuma atleta aguentava mais ficar em casa e ficar só fazendo exercícios. Teremos oportunidade de treinar no ginásio por quase 35 dias. Temos que ser muito inteligentes, fazendo treinos passo a passo, para depois chegarmos ao ritmo normal. Para mim, é a maior preocupação. É conversar bastante, as atletas precisam sinalizar quando estiverem sentido alguma coisa. Tomara que possamos aproveitar bem esse período”, analisou o técnico Hugo Hoyama.

Há outros competidores retomando a rotina presencial que moram fora do Brasil, como Thiago Braz e Núbia Soares, do atletismo, Bruno Fratus, da natação, e Tati Weston Webb, do surfe.

INCERTEZA – Embora boa parte dos atletas esteja conseguindo treinar, permanece a preocupação com o calendário, espremido em razão da covid-19. A seleção brasileira feminina de vôlei, por exemplo, vive sob muita incerteza pois ainda aguarda a definição da data oficial da Superliga Feminina. Quanto mais tarde o torneio for iniciado, o que poderia ser um auxílio para evitar a propagação do novo coronavírus, mais curta será a preparação da seleção para a Olimpíada em 2021.

A pandemia atingiu diretamente a equipe nacional. Torneios foram cancelados – as disputas entre as seleções costumam ocorrer de abril a outubro – e atletas ficaram parados por meses, com as temporadas dos clubes sendo encurtadas.

O técnico José Roberto Guimarães planejava reunir as jogadoras para atividades no CT da CBV, em Saquarema, mas os planos tiveram de ser adiados. O treinador divide as atenções entre a seleção e o São Paulo/Barueri, do qual também é técnico. Ele busca investidores para o time, mas ao mesmo tempo não pode se esquecer da seleção, com foco em Tóquio.

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