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Reinfecção atinge mais 2 pacientes

© Reuters/Kevin Lamarque/Direitos Reservados

Dois pacientes, um na Bél­gica e outro na Holanda, fo­ram reinfectados pelo novo coronavírus, informou a rede de TV holandesa NOS, nesta terça-feira, 25 de agosto. O re­gistro vem no dia seguinte ao anúncio de que um homem de Hong Kong havia sido o pri­meiro caso confirmado de dois diagnósticos da covid-19.

A virologista Marion Koo­pmans, citada pela emissora, in­formou que o paciente holandês era uma pessoa idosa com siste­ma imunológico enfraquecido. De acordo com ela, os casos em que os pacientes permanecem infectados com o vírus por um longo tempo, com melhoras e pioras, são mais conhecidos.

Mas uma reinfecção verda­deira, como nos casos holan­dês, belga e chinês, requer teste genético do vírus na primeira e na segunda infecção para ver se as duas cepas se diferem. Apesar disso, Marion disse que reinfec­ções já eram esperadas. “Que alguém apareça com uma rein­fecção, não me deixa nervosa”, disse. “Temos que ver com que frequência isso acontece.”

Já o caso belga foi o de uma mulher que contraiu a covid-19 pela primeira vez em março e depois em junho. O virologista Marc Van Ranst disse que em casos como o dela, em que os sintomas foram relativamente leves, o corpo pode não ter cria­do anticorpos suficientes para prevenir uma reinfecção, em­bora eles possam ter ajudado a frear a doença.

O especialista também in­formou à emissora belga VRT que não ficou surpreso com a reinfecção de Hong Kong. “Acho que nos próximos dias veremos outras histórias seme­lhantes. Essas podem ser ex­ceções, mas existem e não são apenas uma”, disse Van Ranst “Não é uma boa notícia.”

Um homem de Hong Kong, de 33 anos, se tornou o primeiro caso documentado de reinfecção da covid-19 no mundo, segundo informaram pesquisadores da Universidade de Hong Kong, na segunda­-feira (24). O paciente recebeu alta após ser curado do vírus em abril, mas, no início deste mês, testou positivo novamen­te após retornar da Espanha.

Segundo as autoridades sa­nitárias locais, a princípio, pen­sou-se que o homem poderia ser um “portador persistente” do Sars-CoV-2, mantendo o agente em seu corpo desde a infecção anterior. No entanto, os cientistas afirmaram que as sequências genéticas das cepas de vírus contraídas pelo ho­mem em abril e agosto são “cla­ramente diferentes”.

Essa descoberta pode ser um retrocesso para quem baseia sua estratégia contra a pandemia na suposta imunidade obtida após a transmissão da doença. O paciente não teve sintomas na segunda vez, sugerindo que apesar da exposição prévia não ter prevenido a nova infecção, a indicação é de que o sistema imune preservou algum tipo de memória em relação ao vírus.

USP e Fiocruz investigam
A confirmação do primei­ro caso de reinfectado pela covid-19 em Hong Kong pode ter impacto direto no desen­volvimento de uma vacina. A reinfecção indica que a imu­nidade contra o vírus seria temporária. Assim, uma dose única do imunizante não seria suficiente para garantir prote­ção por longo prazo.

Além disso, quem já teve a doença também teria de receber a vacina. No Brasil, a Univer­sidade de São Paulo (USP) e a Fiocruz investigam 20 suspeitas de reinfecção. Há em todo o mundo, sob investigação, vários casos de pessoas que se curaram mas voltaram a testar positivo tempos depois. A reincidência poderia indicar reinfecção ou retorno da mesma infecção após um período de latência.

Existem pelo menos 16 pos­síveis casos em investigação pela USP e mais quatro no Rio de Ja­neiro coordenados pela Fiocruz. O primeiro caso reportado pela USP de Ribeirão Preto, no iní­cio de agosto, foi da técnica em enfermagem Gabriela Carla da Silva, de 24 anos, que voltou a ter sintomas pouco mais de um mês após testar positivo.

A descoberta foi anunciada pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ri­beirão Preto (HCFMRP/USP), que investiga mais dez casos. Na primeira vez, em 13 de maio, os sintomas acabaram em dez dias e ela passou os 38 seguintes as­sintomática. Depois, em 27 de junho, acordou com forte dor de cabeça, muscular e de gar­ganta, mal-estar, febre, perda de olfato e paladar.

No quinto dia em que os sin­tomas voltaram, deu novo po­sitivo. Os sintomas sumiram 12 dias após, mas a dor de cabeça e a perda parcial do olfato persis­tiram até 6 de agosto, quando a pesquisa foi divulgada. Na épo­ca, ela ainda testava positivo.

O governo paulista anunciou na semana passada que o Hospi­tal das Clínicas da capital prepa­rou um ambulatório específico para pacientes que apresentem sinais de possível reinfecção. O objetivo, diz o Estado, não é só dar seguimento ao atendimento, mas saber se houve recorrência de reinfecção ou há outro vírus em curso que não a covid-19.

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