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Política do pão e circo

A velha política está de volta. De novo, não se vê nada na gestão de Ribeirão Preto. Alias, nos últimos dias tive a impressão que estávamos na Roma Antiga, quando o nosso prefeito teria que ser chamado de imperador. Naquela época, se comprava apoio popular com atrações e comida, a chama­da política do pão e circo.

Aqui em Ribeirão, o prefeito lançou duas concorrências que deixariam qualquer imperador com inveja. Serão quase um milhão de reais gastos para preparar atrações teatrais e para comprar pães de cachorro-quente. É isso mesmo: quase um milhão de reais para entreter o público com apresen­tações teatrais (sendo que os teatros estão fechados) e para comprar de pães de hot dog, sendo que o tempo de festas juninas já passou e as grandes concentrações estão proibidas.

Realmente são licitações que precisam de uma explicação clara de quem cuida dos cofres públicos. Além de explicar o porquê desses gastos absurdos, o que realmente precisa ser esclarecido é que tipo de gestão encara esses gastos como prioridade em um momento como esses, quando todos so­frem com os efeitos de uma pandemia mundial que ameaça à vida de milhões e afeta economicamente a quase todos.

É claro que essa política do pão e circo não nasceu agora nem mesmo no governo Duarte Nogueira. Ela vem de uma sequência de atrações que parecem coisa de circo. Constru­ções mirabolantes, feitas em um passe de mágica, vão sur­gindo pela cidade. Pontes, viadutos, pistas de skates e até um túnel. Isso mesmo, Ribeirão terá até um túnel. O prefeito já até acabou com uma tradicional praça para abrir o buraco. Mágica também terá que fazer o próximo prefeito para pagar os empréstimos feitos por essa gestão desastrosa.

Essa mesma administração que tenta tirar sorrisos com a velha política, também carrega as mazelas de velhos costumes de administradores sem responsabilidade com o lado social.
Em poucos dias, duas categorias foram atingidas em cheio pelo “imperador”. Primeiro, 30 garis chegaram a perder o em­prego porque a prefeitura resolveu varrer menos quilômetros de ruas. Tudo isso em meio à pandemia. Será que Ribeirão Preto encolheu neste período que boa parte da cidade estava em casa? É claro que com a pressão popular, com o medo de perder sorrisos no ano eleitoral, a decisão foi revista. Agora, simplesmente se pensa em acabar com os cargos de cozinhei­ras, aquela figura emblemática e tão importante dentro de nossas escolas. E ainda vem com a desculpa que vai terceiri­zar o serviço para melhorar a situação. É bom ficar de olho na empresa que será escolhida.

Assim como o Império Romano, a gestão municipal tam­bém está ruindo. Não existe mais espaço para a velha política, mesmo quando ela tenta se passar por novidade, cavando buracos e vendendo progresso. Com tantos maus exemplos, vai faltar pão para saciar a fome dos descontentes.

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