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Reviravolta nos canaviais
Em uma cidade próxima de Ribeirão Preto, há anos, houve um rumoroso caso em que a esposa de um fazendeiro combinou com seu amante matar o marido para ficar com a herança. Ela mantinha um relacionamento com um conhecido comerciante que, além de um armazém, alugava quartos para os chama­dos “piauís” (denominação aos trabalhadores que vinham do Nordeste para o corte de cana na época da safra). A mulher era articulada e tinha uma fixação em obter o que seu marido possuía: fazendas, dinheiro e outros bens.

Plano que a mulher elaborou
Ela combinou com o amante para contratar um matador de Alagoas ou Ceará. Combinaram de sair para uma visita às ca­sas de luzes vermelhas de outra comuna próxima e pediram para o fazendeiro os levarem. No meio do caminho o mataram da maneira mais fria e violenta.

Na delegacia, a confissão
A mulher e o amante, na delegacia de polícia, confessaram a um repórter detalhadamente o que fizeram e da forma que elaboraram o plano e a execução. O caso foi levado a júri na cidade onde o crime ocorreu. O matador e a mulher que ur­diram a trama foram absolvidos na Justiça. Não se sabe por quais razões. O repórter havia sido arrolado como testemunha pela promotoria. Depois de muitas horas confinado na sala do Ministério Publico, o jornalista foi chamado a depor. Nada lhe foi perguntado sobre as confissões feitas com exclusividade e somente coisas vagas, como as roupas que as pessoas ves­tiam quando lhe contaram os fatos etc. O comerciante seria julgado e absolvido. O promotor então perguntou na sala em que ficam as testemunhas de acusação se havia algo que ele poderia fazer. O repórter lhe disse que havia uma fita com as confissões e que na Sala do Júri havia uma parente da vítima que possuía os depoimentos gravados.

Volta por cima
Ele voltou para a sua réplica e perguntou ao advogado de defesa se ele autorizaria levar aos jurados a fita com as confissões. O advogado parecia ter visto o “demo”. Gritava e sapateava como se o que queriam fazer era um crime pior que aquele no qual defendia os criminosos. A polêmica tomou conta dos jurados e do público presente, cabendo ao juiz explicar que como a fita não havia sido levada para o rol dos documentos a serem anali­sados não poderia ser considerada. A fúria do advogado conti­nuou e o promotor, já de posse da fita magnética fustigava o ad­vogado. Houve uma revolta por parte dos jurados e, mesmo sem constar como prova documental, a fita motivou uma reviravolta no crime dos canaviais. O articulado co-mandante foi apenado com 30 anos de prisão. O matador sumiu pelo Nordeste afora e a mulher gozou dos capitais do falecido marido.

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