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Ribeirão Preto desperdiça 55% da água distribuída

A mais recente Pesquisa Nacional de Saneamento Bási­co (PNSB), publicada pelo Ins­tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que o desperdício de água no Brasil é de 38,9%. Isso quer dizer que a cada 100 litros de água que entram no sistema de distribui­ção (reservatórios e rede), cer­ca de 40 litros não chegam ao consumidor final. Em Ribeirão Preto as perdas são maiores, chegam a 55%, de acordo com Sistema Nacional de Informa­ções sobre Saneamento (SNIS).

Apesar dos 55%, essa perda já foi maior e chegou a 61,48%, em 2016 e em 2017 caiu para 59,36%. A meta do Departa­mento de Água e Esgoto de Ri­beirão Preto (Daerp) é reduzir em 50% até 2021 com um financiamento de R$ 115,46 milhões para investimento no projeto com custo total de R$ 144 milhões.

De acordo com o Daerp, o atendimento urbano de água é de 99,5%. O índice não re­gistraria 100% porque o SNIS considera em seus cálculos a população total do município levantada pelo IBGE. O levan­tamento inclui a população rural onde não há atendimen­to do Daerp. Também na área urbana há locais com abaste­cimento próprio, como alguns condomínios que não entram no índice de atendimento.

Vazamento nas tubulações é uma das causas no desperdício de água

No ano passado Ribeirão Preto galgou oito degraus no “Ranking de Saneamento Bá­sico das 100 Maiores Cidades 2019”. A nota total – com ava­liação que abrange abasteci­mento de água e tratamento de esgoto, rede instalada, desper­dício, arrecadação, investimen­to e outros tópicos relaciona­dos ao tema e que pode ser de no máximo 10 – subiu de 7.99 para 8.49 em um ano. O levan­tamento foi feito pelo Instituto Trata Brasil (ITB) e é referente ao não de 2017.

O “Ranking do Saneamen­to 2019” coloca Ribeirão Pre­to em sétimo lugar no estado de São Paulo, ficando atrás de Franca, Santos, São José do Rio Preto, São José dos Cam­pos e Limeira. A cidade ficou à frente de 26 capitais brasilei­ras. Na área de coleta de esgo­to está entre as 13 cidades que conseguiram a universaliza­ção, com índice de 99,81% de coleta, além de tratar 90,2% de todo o esgoto coletado.

Explicações
Entre as explicações para tamanho desperdício estão os vazamentos nos reservatórios que armazenam a água e du­rante o processo de distribui­ção, na própria rede. No entan­to, os famosos “gatos” também contribuem para o Índice de Perdas na Distribuição (IDP), diz Gabriela Freitas, analista técnica da PNSB, responsável pelo levantamento nacional.

“É difícil separar a perda fí­sica da água que não chega ao domicílio ou estabelecimento das perdas que a gente chama de aparentes, que são aquelas devido às ligações clandestinas. Ou seja, você tem um desvio da água daquela rede que chega a algum lugar, mas não é conta­bilizada pelas entidades execu­toras”, explica.

Para se ter uma noção do tamanho do problema, são 16.713.292 metros cúbicos de água desperdiçados por dia, de acordo com o levantamento do IBGE. A quantidade daria para encher cerca de sete mil piscinas olímpicas a cada 24 horas. “Isso é uma ineficiência na distribuição de água pelas cidades e, infelizmente, esse número está aumentando em vez de diminuir. É um número muito elevado para qualquer país do mundo”, aponta Edson Carlos, presidente executivo do Trata Brasil.

Em Ribeirão, 55% da água se perde antes de chagar ao consumidor

Recorte regional
A região do país com a maior disponibilidade de água, o Norte é aquela em que há maior desperdício. O índice alcançou 48,3% na média entre os sete estados da região. Isso quer dizer que quase metade de toda a água que sai para a dis­tribuição se perde no caminho. Dos cinco estados do Brasil que mais desperdiçam, quatro estão no Norte. A situação mais crítica é a de Roraima. Por lá, as perdas se aproximam dos 70%.

No ranking de desperdício, o Nordeste vem em segundo. O índice de perda na região é de 44,5%. O IBGE chama a aten­ção para o resultado por lá, que frequentemente sofre com a seca. O estado de Alagoas apre­senta o pior resultado: 57,6% da água que sai para distribui­ção não chega ao consumidor final, seja nas casas ou nos es­tabelecimentos comerciais. Em seguida vêm o Piauí (51,6%) e Pernambuco (50,8%). Na con­tramão dos vizinhos, o Ceará apresenta números mais ani­madores. O IDP do estado é de 29,7%, um dos menores do país. As regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste apresentam des­perdício abaixo dos 40%, mas ainda longe de um patamar aceitável e próximo aos países mais desenvolvidos.

Soluções
Para tentar resolver os pro­blemas, não é preciso apenas investir mais. Aprovado pelo presidente Jair Bolsonaro no mês passado, o novo Marco Legal do Saneamento Básico pode ajudar a minimizar o pre­juízo, segundo os especialistas.

De acordo com um estudo do Trata Brasil sobre as perdas, os impactos do desperdício são amplos. Além do prejuízo ambiental e às pessoas mais pobres, que são impactadas primeiro pela falta de água, a economia também sente. A estimativa é de que as empre­sas perdem R$ 12 bilhões em faturamento por causa do des­perdício em 2018. Isso é equi­valente a tudo o que o que foi investido em água e esgoto no Brasil naquele ano.

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