A história registra que vários países experimentaram guerras, pragas, fenômenos naturais, dificuldades econômicas, políticas e sociais que foram superadas e serviram de incentivo para o desenvolvimento. Durante esses períodos, são necessárias lideranças locais e nacionais capazes de motivar toda população com trabalho, eficiência, dedicação e principalmente exemplo.
Na minha infância, por algum motivo, a querida escola ficou sem servente e sem material de limpeza e fomos orientados a levar álcool (em embalagem de desodorante) e um pedaço de pano. Diariamente cada aluno limpava sua própria carteira e alguns voluntários varriam a sala e colocavam o lixo em seu devido local. Os professores mais habilidosos aproveitaram a dificuldade temporária para ensinar lições de cidadania, higiene e cooperação. Após o serviço regular de limpeza ser restabelecido, éramos mais zelosos com os móveis e com o ambiente.
Vivemos a maior pandemia da história contemporânea. São inúmeros problemas e dificuldades que afetam, além da saúde pública, a economia, a política e até os relacionamentos interpessoais. No início as pessoas eram compreensíveis, solidárias e estavam motivadas para enfrentar o tal coronavírus, mas com o passar do tempo foram relaxandono distanciamento social, práticas de higiene e demais cuidados. A grande maioria deseja retomar a chamada normalidade, sem perceber que como dizia um velho slogan político: “nada será como antes” ou como preferem os mais modernos, estamos em tempos do “novo normal”.
Reinventar será um dos verbos mais utilizados nos próximos anos, talvez vire um mantra. A humanidade aos poucos começa a superar os devastadores impactos do novo vírus, os 13 milhões de recuperados têm muito para celebrar e aos familiares dos mais de 760 mil mortos, muitas feridas para serem curadas. Trabalhadores que perderam 135 milhões de empregos (apenas no primeiro trimestre) voltam a procurar ocupação no mercado. A roda da economia se movimenta lentamente com a incerteza impedido os investimentos.
Enquanto indicadores de contágio e morte continuam altos, certos grupos insistem no improdutivo debate político e ideológico em torno de medidas populistas, questionáveis e sem qualquer fundamento científico. As reformas tributária e administrativa e as eleições municipais prometem acirrar os ânimos e ampliar a disputa, alimentadas pelas redes antissociais.
Neste cenário, sem esquecer que as autoridades e o estado devem cumprir suas obrigações constitucionais, podemos olhar para o espelho e tentar resolver a uma questão com múltiplas respostas: o que efetivamente faremos para melhorar nossa realidade local? Eleger melhores governantes pode ser um caminho; mudar velhas práticas pode ser outro; reclamar menos e fazer o nosso melhor, uma terceira ótima opção. É difícil, mas não é impossível.
Seguindo a liderança e o exemplo da professora, nossa turma escolar conseguiu fazer a sua parte ao cuidar da própria carteira e sala de aula até a dificuldade ser ultrapassada. É um exemplo singelo, mas são as pequenas práticas que impulsionam as grandes mudanças.