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Heitor dos Prazeres, artista popular de múltiplos talentos

Heitor dos Prazeres nasceu no Rio de Janeiro em 23 de setembro de 1898, na região da Praça Onze, onde durante toda a sua adolescência teve contato com os chorões e os bambas do samba.

Lino do Estácio, Mano Heitor ou simplesmente Heitor dos Prazeres, foram os nomes que o nosso artista ganhou durante a sua existência. Nasceu predestinado a influenciar a cultura popular do país, através de seus talentos como instrumentista, compositor, cantor, dançarino e artista plástico.

Pelas mãos de Tia Cita, a matriarca do samba, teve acesso aos festejos de santo e de samba, aulas com os melhores mestres possíveis.

Começou a compor em 1912, aprendendo as lições da cultura popular com mestre Hilário Jovino, que o iniciou nas rodas de samba, em que era respeitado por ser um dos bons de pernada. Não perdia a Festa da Penha, onde mostrava suas composições, carregando o cavaquinho, que aprendeu a tocar antes de completar dez anos.

Como Lino do Estácio, aprendeu e ensinou samba nas rodas do bairro. Compositor, desde sempre foi cobiçado pelos cantores da época, distribuin­do-se entre seus companheiros do Estácio e os sambistas de Madureira da Mangueira. Na fundação da primeira escola de samba “Deixa Falar”, cita-se obrigatoriamente a presença de Mano Heitor entre os pioneiros. O mesmo acontece quando Cartola criou a “Mangueira”, e quando Paulo criou a “Portela”, ou ainda, quando o próprio Heitor fundou a “De Mim Ninguém Se Lembra”.

Em 1929, com a música “A Tristeza Me Persegue”, venceu um concur­so de samba patrocinado pelo Jornal A Vanguarda e realizado na casa do mangueirense Zé Espinguela, dando início a sua maior disputa com Sinhô, envolvendo a autoria de diversos sambas e que acabou rendendo, de parte a parte, algumas joias da música brasileira.

Francisco Alves gravou “Ora, Vejam Só” e “Cassino Maxixe”, sendo suas autorias atribuídas exclusivamente a Sinhô, entretanto essas músicas foram feitas em parceria com Heitor.

Com a reclamação de Heitor, Sinhô fez o samba-conselho “Segura O Boi”. Heitor replica com “Olha Ele, Cuidado!” e a briga ficaria por aí se “Cas­sino Maxixe” não tivesse sido gravado por Mário Reis com o título de “Gosto Que Me Enrosco”. Heitor volta ao ataque com “Rei Dos Meus Sambas”, alusivo ao título de Rei do Samba de Sinhô. Mais tarde Heitor recebeu trinta e oito mil-réis por sua parte na parceria “Cassino Maxixe”, acordo que lhe valeu o reconhecimento da autoria.

Como a maioria dos compositores de samba da época, Mano Heitor vendeu alguns sambas e algumas parcerias, aos ricos cantores de rádio, espe­cialmente a Francisco Alves, que se tornou famoso por suas “parcerias” em sambas de Ismael Silva, Noel Rosa, Nilton Bastos e outros.
Em 1930, o samba “Deixaste O Meu Lar” que era de autoria de Heitor, foi gravado trazendo apenas o nome de Francisco Alves como autor. Em 1932 apareceu como parceiro de Francisco Alves em “Mulher de Malandro”, época em que abandonou as escolas de samba para se tornar profissional de rádio.

Atuando no rádio, passou a interpretar composições que antes entregava aos cantores, e criou um grupo vocal, ao qual deu o nome de “Heitor e Sua Gente”.

Em 1936, em parceria com Noel Rosa, Heitor compõe o maior sucesso do carnaval daquele ano, “Pierrô Apaixonado”, música que foi eternizada na história do carnaval brasileiro, com um refrão que ninguém esquece: “um Pierrô apaixonado, que vivia só cantando, por causa de uma Colombina, acabou chorando, acabou chorando”…

A vocação do sambista para as artes plásticas começou a despontar em 1937, e acabou por transformá-lo em um dos mais expressivos pinto­res primitivistas brasileiros. Participou da 1ª Bienal de São Paulo em 1951, voltando a ela em 1953 e 1961. Esteve em mostras coletivas em todas capitais sul-americanas, em 1957; na exposição Oito Pintores Ingênuos Brasileiros, em Paris, em 1965; Pintores Primitivos Brasileiros em Moscou e outras capi­tais europeias e representou o Brasil no Festival De Arte Negra, em Dacar, no Senegal, em 1966.

Como instrumentista, compositor, cantor, líder comunitário, pintor premia­do, Heitor dos Prazeres transbordou sua importância na História do samba.

Salve Heitor dos Prazeres, artista popular de múltiplos talentos!

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