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Esportes

Paulistão recomeça nesta quarta sob risco de série de processos trabalhistas

IVAN STORTI/SANTOS FC

O Campeonato Paulista recomeça nesta quarta-feira com elencos enfraquecidos, clubes com dificuldades fi­nanceiras e o risco de ações trabalhistas. Um dos exem­plos deste impacto é o Santos. Somente nos últimos dias o goleiro Everson e o atacante Eduardo Sasha entraram na Justiça para se desvincular da equipe por acumularem me­ses de atraso salarial, uma si­tuação que por causa da pan­demia pode se tornar ainda mais comum entre os times

A Lei Pelé permite que os jogadores encerrem o contra­to em vigor com o clube caso exista um atraso salarial total ou em parte de pelo menos três meses. Essa condição permitiu aos dois santistas se movimentarem para procu­rarem outra equipe. Procu­rado pela reportagem, o San­tos não se manifestou sobre o tema. Há o risco de mais joga­dores do elenco pedirem para sair. E a situação de atrasos se repete também em outros grandes do futebol paulista: Corinthians e São Paulo.

Segundo especialistas ou­vidos pelo Estadão, os efeitos econômicos da pandemia e a política dos times em re­duzir os salários deve fazer com que casos parecidos ao do Santos apareçam. “Nós já temos informações de times que não fizeram reduções sa­lariais ou suspensão contratual da maneira correta, mas sim em um processo atropelado, só com um comum acordo entre as partes e sem encaminhar nada ao governo”, avisou o advogado do Sindicato de Atletas de São Paulo (Sa­pesp), Guilherme Martorelli.

Para outro advogado, o es­pecialista em direito despor­tivo Higor Bellini, os clubes devem ter mais problemas trabalhistas com jogadores por terem deixado muitas bre­chas nos acordos costurados durante a pandemia. “A redu­ção salarial deveria ser no mí­nimo proporcional à redução da carga de trabalho, mas não foi porque a maioria dos atle­tas, teve de continuar a traba­lhar de casa”, disse. “Os atletas vão perceber que não os únicos a entrar com a ação trabalhista, e não sendo o primeiro caso, o impacto junto às torcidas será menor. Isso retira o receio de acionar a Justiça”, explicou.

O Corinthians também admitiu ter passado por problemas financeiros com o elenco. São três meses de atraso. No entanto, o presi­dente do clube, Andrés San­chez, garante que vai conse­guir quitar as pendências. “O problema é a falta de fluxo de caixa. Adiantaram cotas de televisão e tudo isso tem de começar a pagar. A dívida é problema, déficit é problema, mas não é que o Corinthians vai fechar amanhã ou está fa­lido”, afirmou.

O São Paulo reduziu sa­lários dos jogadores em até 50% na pandemia e ainda sofreu com alguns atrasos no pagamento dos direitos de imagem. Mas a diretoria e os jogadores devem se acertar. “Não é uma questão que nos preocupa (o atraso), nunca nos preocupou, mas agora a gente se confirma que não preocupa. Provavelmente na semana que vem nós vamos terminar de formatar esse acordo, que com certeza será muito bom para o São Paulo e muito bom para os jogado­res”, disse o gerente executivo de futebol do São Paulo, Ale­xandre Pássaro, ao canal do YouTube Arnaldo e Tironi.

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