Tribuna Ribeirão
Política

Câmara abre ciclo de estudos da Transerp

ALFREDO RISK/ARQUIVO

A Comissão Permanente de Desenvolvimento Econômi­co da Câmara de Vereadores abriu, nesta quinta-feira, 21 de julho, um ciclo de estudos so­bre a personalidade jurídica e a função da Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto (Transerp). A comissão é presidida por Marcos Papa (Ci­dadania) e tem como membros Mauricio Gasparini (PSDB) e Fabiano Guimarães (DEM).

Entre os temas debatidos es­tão a competência da Transerp para fiscalizar e aplicar multas de trânsito, já que, para vários especialistas e autoridades como o promotor Sebastião Sergio da Silveira, não é pos­sível delegar poder de polícia a um ente privado, como seria o caso da companhia de tráfego – é uma empresa de economia mis­ta, com acionistas.

Criada em 1980 na condição de empresa de economia mista da administração indireta do governo municipal, a Transerp nasceu com a missão de implan­tar e explorar o então sistema de trólebus, ônibus movidos a eletricidade. Com a desativação do sistema, no final da década de 1990, a empresa foi transfor­mada, através de lei, gestora do transporte público.

A partir do ano 2000 passou a atuar nas áreas de engenharia de tráfego, educação para o trân­sito e fiscalização. Outro assunto que, segundo a Comissão Per­manente de Desenvolvimento Econômico, tem gerado preo­cupação é a situação financeira da Transerp, cuja crise ficou evidente durante a pandemia do coronavírus.

Com a suspensão dos re­cursos oriundos das multas, a empresa ficou sem “caixa” para o pagamento dos seus 177 fun­cionários – a folha mensal é de aproximadamente R$ 1,5 mi­lhão. A suspensão da emissão das multas de trânsito em todo o país é uma decisão do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e vale para o período em que du­rar a pandemia do coronavírus.

Em junho, a Câmara de Vere­adores rejeitou dois projetos de lei do Executivo pedindo autorização para repassar R$ 4,8 milhões para a Transerp pagar os salários dos servidores. O do mês de maio só foi regularizado depois que o prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) repassou R$ 1,6 milhão por meio de decreto.

No encontro também foram apresentadas sugestões para me­lhorar a mobilidade na cidade a partir de exemplos de outras ci­dades. Entre eles, a necessidade de modernizar o sistema de Área Azul, considerada ineficiente, o estímulo do uso de bicicletas, com integração ao transporte público e aberturas de ciclovias. Segundo Marcos Papa, Ribeirão Preto precisa de uma autoridade de trânsito preparada para os desafios de mobilidade.

“A população e os funcio­nários não podem ficar expos­tos a uma empresa pública tão degradada, como é o caso da Transerp. Nosso ciclo de estudos ouvirá autoridades e especialis­tas tanto da academia quanto da sociedade civil para construir um relatório, com propostas e entraves, que será encaminhado à Administração para providên­cias”, explica.

Ao final da reunião, o verea­dor comunicou que será criada em breve, através de um projeto de resolução da Mesa Diretora, a Comissão Permanente de Mobi­lidade Urbana. A reunião contou com a participação também do vereador Renato Zucoloto (PP).

Foram convidados para par­ticipar do ciclo de estudos repre­sentantes do Ministério Público Estadual (MPE), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Transerp, Secretaria Municipal de Negócios Jurídicos, diretores da Faculdade de Economia, Ad­ministração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FEARP/USP), en­tre outros.

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