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‘Pandemias de estimação!’

Ele foi chegando entre nós devagarinho, ninguém se deu conta que o bichinho quase invisível seria uma bomba que geraria a destruição desme­dida que nossa geração conheceu. Surgido numa das maiores economias do mundo, o novo coronavírus, causador da covid-19, matou mais de um milhão de gente na face da terra.

Um horror da época moderna com as grandes descobertas da medicina, dos ácidos antirrugas, das técnicas de retardamento de envelhecimento que atualmente se revelam coisas mais sem sentido num contexto de pandemia no século XXI, 100 anos após a gripe espanhola ter dizimado uns milhões de habitantes da face da terra.

Entretanto, estas moléstias que nos incomodam enquanto não temos um re­médio eficaz contra elas, uma vacina contra o seu poder letal ou algo que o valha, constatamos que ao longo de séculos ou milênios convivemos com epidemias tão letais quanto a atual que enfrentamos, moléstias deletérias das capacidades mais necessárias para uma boa convivência e que não são eliminadas com álcool de nenhuma graduação nem mesmo se administrado via oral.

Essas moléstias de que falo são persistentes porque alguns dos acometidos por elas se sentem muito bem e não veem motivo para preocupação. Porém, o mal que estas causam é igualmente devastador. E, como tais males existem há gerações, entendo que são “males de estimação”. Todavia já existe o antídoto para essas práticas horrorosas e viciosas, algumas das quais elenco a seguir.

O egoísmo é uma doença que leva a um desvio de conduta aos que pen­sam que “eu” é mais importante que “nós” ou que os “outros” classificando-os como excedente útil. Egoístas são ignorantes em matéria de amar; são míopes que sós conseguem olhar para o próprio umbigo e não conseguem ver um palmo adiante do nariz.

Outro mal grave é a indiferença que transforma as pessoas a partir da memória sem doença, ou seja, apagam todos os que já conheceram; desligam os sentimentos e afeições igualando pessoas a coisas e descartando os que acham inúteis. A indiferença torna a pessoa “fria” antes mesmo de morrer.

A ganância e a avareza são males profundos que se enraízam no íntimo das pessoas apegadas ao dinheiro, aos bens, ao lucro que fecha o coração ao amor fraterno. Pessoas gananciosas não conjugam alguns verbos como amar, servir, doar pois, veem as pessoas como despesa desnecessária. Escravas do que possam amealhar, não se doem pelo sofrimento dos outros; classifica como “dano colateral”.

Há também o mal do orgulho que infecta corações e mentes de pessoas fracas que não se sentem semelhantes aos demais. Se colocam acima dos de­mais por pensar que já nasceram superiores, sabem tudo, entendem de tudo, entretanto sofrem de uma síndrome chamada “delírio de onipotência” visto que não sabem que são pobres, cegos e estão nus (cf. Ap 3,17); são grandes monumentos com pés de barro e não resistem a uma enxurrada…

Poderia ainda citar outros males que ao longo da história serviram para incendiar e destruir a convivência respeitosa entre pessoas, povos e nações e contribuíram para acirrar discórdia e divisão. Todavia existe remédio para todos esses males; vacinas testadas com aprovação em todos os níveis de experimento que não tem custo algum, aliás, a sua aplicação diária serviria inclusive para melhorar os relacionamentos e as amizades entre pessoas e grupos. O remédio é simples e a dose deve ser diária e constante visto que os males podem reaparecer sem aviso prévio.

Como todo tratamento, quem sofre desses males precisa tomar consciência de que padece e impõe a seus parentes, amigos, conhecidos e colegas um pesado fardo. A cura vem em doses homeopáticas e o medicamento não precisa ser importado, pois cada pessoa o carrega dentro de si. Mais doses são aplicadas conforme aumenta o nível de compreensão, fraternidade, sinceridade, caridade e se tem em conta a espiritualidade como constitutiva do ser humano.

Dentro de nós está o princípio ativo do remédio que começa a curar o mundo: o amor! “Tudo aquilo que quiserdes que os outros vos façam, fazei vós a eles”, ensinou o Mestre e nosso Senhor (cf. Mt 7,12). E explicitado por são Paulo quando diz que ao mal se responde com o bem (cf. Rm 12,20). O mandamento do amor é o remédio mais simples, mais barato, mais fácil de ser encontrado e que produz efeito para longas e incontáveis gerações (cf. Jo 15,12)”.

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