O doutor Rui Flávio Guião, com sua pena de mestre, comentou, nesta página do jornal Tribuna, a transformação do Museu da Hagia Sophia em uma mesquita maometana. Telefonei para cumprimentá-lo e pedi licença para acrescentar uns dados.
A Hagia Sophia, como registrado, fica na cidade de Istambul, hoje área da Turquia. Já esteva sob os gregos e sob os romanos.
No passado mais remoto, sob a tradição grega, a cidade, que hoje fica entre a Europa e a Ásia, foi criada por Bizas, filho de Poseidon e Ceroessa. Lutou contra seus vizinhos com sucesso, mas esteve para ser derrotado pelo rei da Chita. Fidália, esposa de Bizas, e suas amigas, derrotaram o rei de Chita, lançando contra ele serpentes venenosas. Bizas criou a cidade que recebeu o nome de Bizâncio.
Durante o período que vai do século IV ao V, os romanos transformaram o Bizâncio na extensão de Roma, que então permaneceu sob a administração do Vaticano.
Então foi batizada a região comm o nome de Sacro Império Romano do Oriente, que não era sacro, que não era império e que ficava no ocidente e não no oriente.
Foi ali construída por eles a igreja da Santa Sabedoria, ou seja, a Hagia Sophia, o maior templo cristão da época, só superada muito tempo depois pela catedral de Sevilha e finalmente pela catedral de São Pedro em Roma.
A religião muçulmana proíbe a reprodução humana em pinturas. As igrejas somente podem ser decoradas por “arabescos”, ou seja, a arte dos árabes. Mas até bem pouco tempo na Hagia Sophia existe ou existia um grande quadro de Nossa Senhora e o Menino Jesus. Agora transformada em templo muçulmano, não se sabe o que será das peças do museu.
No Bizâncio, reinou sem ser rainha Santa Helena que, esteve em Jerusalém indicando os locais por onde esteve e foi crucificado Jesus Cristo.
O Imperador Justiniano determinou em Constantinopla-Istambul que uma comissão de dez juristas, chefiada por Triboniano e Teófilo, compilasse todas as fontes do insuperável Direito Romano. Surgiu, portanto em Constantinopla-Istambul a obra mais extensa do atualíssimo direito de Roma, que se chama “Corpus Juris Civilis”. Nele se encontra a eterna norma de Celso, o jurista: “Jus est ars boni et aequi: honeste vivere, cuique tribuere, alterum non laedere” (o direito é a arte do bom e do justo: viver honestamente, dar a cada um o que é seu, não lesar ninguém). O preceito também é atribuído a Ulpiano.
Atribui-se a Justiniano ter fechado a escola filosófica deixada por Platão. Feria as regras do cristianismo, segundo sua visão.
Estive na Hagia Sophia. Nas suas imediações encontrei um museu dirigido por um único senhor que se dispôs a preencher minhas lacunas. Não havia mais ninguém no museu. Indicava estátuas de pedra cinzenta que não negavam sua influência grega, sem, no entanto alcançar aquele degrau.
Uma das estátuas era de uma mulher que suspendia suas vestes exibindo seu órgão sexual que não era feminino. O órgão sexual era espantosamente masculino.
Tratava-se da estátua do filho dos deuses Hermes e Afrodite, que por isso se chamava “Hermafrodito”. Narra a lenda grega que o jovem estava banhando-se num lago, quando foi surpreendido pela ninfa Salmácia que o abraçou com tanta força que os deuses uniram seus corpos num só, que passou a ter as características de ambos os sexos.
Percebo que as raízes da nossa existência foram plantadas num obscuro e antigo vaso que convivem conosco especialmente pela reprodução artística. Melhor, espacialmente pelas palavras. Tal como assim registra o texto do doutor Rui Flávio Guião e os nossos passos dados em caminhos hipoteticamente perdidos.