A posição contrária do Botafogo ao retorno do Campeonato Paulista não está baseada apenas na nota oficial veiculada pelo clube na semana passada. A opinião do Pantera também está alinhada com o que pensa o médico do clube, Alexandre Vega.
Em entrevista à Rádio CBN, Vega classificou a volta do Paulistão como “um grande absurdo” e reiterou que os médicos não estão sendo ouvidos pelas autoridades na hora de tomar decisões.
“É um crime retornar o campeonato neste momento. Estamos todos nós, os médicos, pedindo para que as pessoas se distanciem, e agora querem voltar com o futebol para agrupar as pessoas, então acho isso um grande absurdo. Não vejo a menor condição de jogar futebol neste momento, nós médicos estamos sendo enganados por um poder para permitir a aglomeração. O médico hoje só serve para ir à linha de frente, porque ninguém escuta a gente. É um absurdo voltar o Campeonato Paulista agora”, afirmou.
Além de não concordar com a decisão, Vega revelou que o retorno dos jogos não foi uma decisão dos médicos dos clubes envolvidos na competição e que as reuniões que participou tinham como diretriz a formatação de protocolos e não a retomada do campeonato.
“Tem uma falha muito grande. Participamos de um protocolo de retorno para voltar primeiramente aos treinos e a seguir voltar com o campeonato. Porém, o retorno ao futebol não foi ordem dos médicos, que fique bem claro. Eu falei várias vezes que o ideal era voltar em setembro ou outubro, quando a pandemia acabasse. Eu, Alexandre Vega, médico do Botafogo-SP, participei de várias reuniões e não foram determinadas datas, mas sim os protocolos elaborados. Me sinto revoltado com a volta no auge da pandemia. O jogador não é galo de rinha para soltar no campo e ver o que acontece”, criticou.
A FPF (Federação Paulista de Futebol) afirma constantemente que todas as decisões tomadas foram em consenso com as equipes participantes. A entidade também alega que as medidas adotadas e a data para retorno foram aprovadas pelo governo do estado e pelo Centro de Contingência do Coronavírus do Governo de São Paulo.