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ECA 30 anos: avanços e desafios no sistema socioeducativo

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 30 anos de promulgação no dia 13 de julho de 2020. A Lei nº 8069, aprovada pelo Congresso Nacional em 1990, re­gulamentou o artigo 227 da Constituição Federal e veio no esteio de um processo de construção conjunta que mobilizou a sociedade brasileira por meio dos movimentos sociais, de membros do Ministério Público, do Judiciário e de tantos ou­tros setores para assegurar os direitos de crianças e adolescen­tes. À frente, uma comissão redatora recolheu os anseios por transformar as pessoas com menos de 18 anos em sujeitos de direitos e os sistematizou, sendo a proposta apresentada às duas casas legislativas.

O sistema socioeducativo sofreu grande impacto com a aprovação do Estatuto, sendo quebrada a lógica da doutrina da situação irregular, que vinha do Código de Menores de 1979. A nova lei separou o atendimento dos antigos “caren­tes”, aqueles em situação de vulnerabilidade, dos adolescentes que cometeram ato infracional, antes atendidos pela mesma instituição, a Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor (Febem).

Na última década, além do cuidado para que os direitos dos jovens sejam respeitados, a Fundação Casa promo­veu significativas mudanças na política de atendimento ao adolescente no Estado de São Paulo. Hoje, os jovens não são números, mas pessoas em condição peculiar de desenvolvi­mento que passam por um programa individual de atendi­mento (PIA) para que cumpram a sua medida socioeducativa e retornem ao convívio em sociedade.

A Instituição atende adolescentes de ambos os sexos nos 140 centros socioeducativos no Estado, em medidas de inter­nação, internação sanção, semiliberdade, atendimento inicial e internação provisória. A grande maioria por tráfico de dro­gas (45,82%) e roubo qualificado (36,55%), não confirmando o imaginário social e midiático de que a maior parte cometeu atos infracionais gravíssimos, como homicídio e latrocínio. Apenas 3% dos jovens estão internados na Fundação Casa por atos equiparados a crimes hediondos.

Cumprindo o que está previsto no ECA e no Sinase (Siste­ma Nacional de Atendimento Socioeducativo), a Instituição se reformulou pedagogicamente: a agenda diária inclui ativi­dades de escola formal, esporte, cultura e educação profissio­nal básica. Há também atendimento permanente de psicó­logos e assistentes sociais. Durante a pandemia da covid-19 foram feitos todos os ajustes para cumprir os protocolos de saúde e higiene.

Por meio da Universidade Corporativa da Fundação Casa, a Instituição busca dar efetividade às diretrizes estabelecidas pelo ECA e pelo Sinase investindo na formação dos servido­res, para que atuem com respeito aos direitos fundamentais dos adolescentes.

Há muito ainda a ser feito, mas a Fundação Casa não parou no tempo. Existem desafios a serem enfrentados, como a discussão crítica do sistema pelos seus atores institucionais – governos, Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública – e quais oportunidades a sociedade oferece a esses adolescentes quando retornam ao convívio social.

A luta continua. É preciso reafirmar diariamente com ações concretas o compromisso da sociedade com a proteção integral à criança e ao adolescente.

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